Formas de organização de faxinais é tema de projeto da Unicentro aprovado pelo CNPq
O projeto “Formas Não Convencionais de Organização: Reflexões a partir de Contextos Comunitários Tradicionais”, coordenado pelo professor Antônio João Hocayen da Silva, do Departamento de Administração do campus Irati, é mais um dos trabalhos da Unicentro aprovados pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Ele explica que o projeto é decorrente da sua tese de doutorado, na qual estudou as comunidades tradicionais de faxinais na Região Metropolitana de Curitiba.
Hocayen da Silva busca entender a relação entre a racionalidade substantiva, que é característica dessas comunidades tradicionais, e a racionalidade instrumental, percebida claramente na sociedade de mercado em que vivemos atualmente. Neste estudo, especificamente, a ideia é estudar os faxinais da região – Irati, Rebouças e, talvez, Prudentópolis –, as benzedeiras do município de Rebouças e também comunidades quilombolas.
“A ideia é estudar essas três formas de organização tradicional que nós temos aqui na região, buscando elementos que expliquem não só o porque que essas comunidades sobrevivem atualmente, mas o que que elas têm de específico, de especificidades na forma de organizar a coletiva do grupo e na forma de gestão do cotidiano, das práticas que eles desenvolvem, das atividades de subsistência, do relacionamento entre eles, do relacionamento deles com outros atores sociais e agentes desta sociedade de mercado na qual nós vivemos, e em que as práticas se tornaram um tanto quanto padronizadas”, detalha.
O estudo vai durar cerca de três anos, que é o que o Edital Universal do CNPq prevê, e além de contribuir com o desenvolvimento teórico-científico, o professor explica que o projeto visa dar visibilidade a estes contextos sociais que, muitas vezes, são marginalizados da nossa sociedade, mas que têm uma forte cultura e um conhecimento tradicional muito característico.
O estudo, ele conta, “pode servir de base para que a nossa sociedade entenda um pouco dos nossos próprios limites e dilemas que enfrentamos nos dias de hoje. E, aí, a partir do conhecimento e das práticas desses grupos tradicionais, de repente, a gente consegue solucionar, ou, pelo menos, amenizar alguns impactos que estamos gerando em termos sociais, políticos, econômicos e ambientais”.
O projeto do professor Antônio foi aprovado na faixa A do Edital Universal do CNPq e vai receber investimento de, aproximadamente, R$ 22 mil. Recursos que serão aplicados na compra de material de consumo, equipamentos e transporte. “Todo tipo de investimento sempre é bem-vindo para que a gente consiga colocar em prática as nossas ideias científicas, porque o andar da ciência depende não só da boa intenção do pesquisador e dos demais envolvidos, mas, muitas vezes, de um certo apoio financeiro e suporte para que possamos conseguir aqueles propósitos e objetivos”.
Também fazem parte do projeto os professores César Renato Ferreira da Costa, do Departamento de Administração do campus Irati da Unicentro; Fabio Vizeu Ferreira, da Universidade Positivo; e Rene Eugenio Seifert, Jr., da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. O professor Antonio afirma que, agora, o projeto está em fase de implementação e que as atividades devem começar em no máximo dois meses.