III Congresso Internacional de Saúde Mental recebeu mais de 500 participantes
O campus Irati da Unicentro sediou o III Congresso Internacional de Saúde Mental, o VIII Congresso de Psicologia da Região Centro-Sul do Paraná e a II Mostra de Práticas em Atenção Psicossocial, que tiveram como tema “Saúde Mental: acesso, diversidade e território”. Participaram das atividades mais de 500 pessoas de 12 estados brasileiros, sendo que 80% do público é de fora de Irati.
Para o vice-reitor da Unicentro, professor Osmar Ambrósio de Souza, um congresso como este não traz apenas benefícios para a universidade, mas para a sociedade como um todo. “Os eventos são oportunidades de aprimorar os conhecimentos científicos e, certamente, com isso, a população que vai ser atendida por estes profissionais estará bem servida, porque eles estão mais sintonizados com as novas tecnologias para atendimento na área da Psicologia”, ressalta o vice-reitor.
O diretor do campus Irati, professor Afonso Figueiredo Filho, destaca o trabalho desenvolvido pelo Departamento de Psicologia. “Organizar um evento esporadicamente é uma coisa. Agora, mantê-lo em várias ocasiões, demanda um trabalho árduo e exige muita dedicação. Ninguém mantém um evento de cunho internacional se não tiver uma organização e um pessoal bem relacionado. E esse grupo da Psicologia nos enche de alegria porque vemos que podemos ter esperança na nossa universidade brasileira. São professores como estes da Psicologia que engrandecem uma universidade”, enaltece o diretor.
O coordenador-geral do congresso, professor Gustavo Zambenedetti, do Departamento de Psicologia, explica que a ideia foi discutir o que diferencia os municípios de pequeno porte, como Irati, em termos de implantação de políticas públicas para que a população tenha acesso aos serviços de atendimento em saúde mental. “Muitas políticas públicas são implantadas no Brasil ainda pensando nos municípios de grande porte. Por isso, que um dos temas do Congresso foi a questão do acesso e do território, para pensarmos também em municípios que ainda têm características rurais. Aqui na região há cidades com 60% de população rural, ou seja, há um predomínio sobre a população urbana. Há ainda a questão da dispersão urbana. Quer dizer, num grande centro urbano temos muita população concentrada num mesmo lugar, e num município pequeno, geralmente, temos uma grande extensão territorial que acaba ocasionando uma desconcentração da população. Então, como é que fazemos para ter um serviço que dê acesso para essa população?”, pondera.
Segundo o professor Gustavo, essa discussão foi o que motivou a colocar na temática central do evento as questões de acesso e território. Já a diversidade foi pensada em suas múltiplas possibilidades. “Tivemos uma mesa-redonda, por exemplo, que discutiu as questões étnico-raciais e a relação da discriminação e do preconceito, o impacto que isso tem na saúde mental. A questão da diversidade sexual, e também qual a relação da diversidade ou do preconceito em relação a gênero e sexualidade com a saúde mental. Além da questão das diversas formas de sofrimento psíquico, a relação com as doenças do corpo, dentre outras”, acrescenta.
A proposta do Congresso não é ser apenas um evento acadêmico, mas ter um diálogo com os serviços. Zambenedetti conta que metade dos inscritos eram profissionais já formados e que trabalham em unidades básicas ou em centros de saúde, por exemplo. A Mostra de Práticas em Atenção Psicossocial foi um lugar de relatos de experiências, e possibilitou a relação com o que vem sendo feito nos serviços de saúde.
“A tentativa é não dicotomizar, e sim pensar como é que refletimos sobre essas práticas, problematizamos. Como é que fazemos pesquisas na universidade que tornem o cotidiano dos serviços como algo a ser pensado, a ser investigado. Desde a avaliação de implementação de políticas, de ações, avaliação e acompanhamento. Estimulamos bastante no Congresso essa interface entre prática e academia”, finaliza o professor.