Pró-reitores de Graduação discutem a formação de professores e a curricularização da extensão
Pró-reitores de Graduação, ou de Ensino, dos três estados do sul do Brasil e de outras regiões do país estiveram reunidos na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) nos dias 28 e 29 de julho. A instituição foi a sede do Forgrad Sul 2016 (Fórum Brasileiros dos Pró-Reitores de Graduação – Região Sul) que teve como teme a “Formação de Professores para a Educação Básica” e oportunizou a troca de experiências entre gestores educacionais e a discussão dos desafios do ensino superior na atualidade.
O presidente do ForGrad Nacional e pró-reitor da Universidade Federal do Aamazonas (Ufam), professor Lucidio Rocha Santos, destacou o princípio basilar do ForGrad, que é congregar as instituições de ensino superior brasileiras em torno de um movimento que promova a melhoria da qualidade da graduação. “Tal princípio será qualificado pela lógica do respeito à autonomia universitária; pela indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão; e, ainda, pelo respeito à diversidade da natureza jurídica e administrativa das instituições de ensino superior”, afirmou. “Entendemos que o atual quadro prescinde vigilância para que as conquistas já obtidas não sejam interrompidas por limitações de cunho econômico quando os resultados de tais ações demonstram eficácia”.
Na palestra de abertura do Fórum, o professor Luiz Mello de Almeida Neto, da Universidade Federal de Goiás (UFG), abordou “As atuais legislações e os desafios para a formação inicial de professores para a Educação Básica”. Ele enumerou uma série de fatores que colocam as licenciaturas em crise, como a baixa atividade da carreira, tempo e carga horária dos cursos; perfil dos estudantes das licenciaturas; projeto formativo; formação disciplinar; a persistência do modelo 3 + 1; e a formação teórica em confronto com a formação profissional. Almeida Neto discorreu ainda sobre as condições de atuação dos docentes; a questão da formação inicial dos professores e a formação e valorização dos professores no Plano Nacional de Educação (PNE).
A temática voltou a ser debatida na mesa redonda “Programas Institucionais para a Formação Docente”, que teve a participação das professoras Maiza Taques Margraf Althaus, da UEPG; Alessandra Santos de Assis, presidente do Fórum do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Forpibid); Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza, da Universidade Estadual de Londrina (UEL); e Maria Aparecida Crissi Knuppel, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro).
Também ganharam espaço na programação do Forgrad Sul 2016 as reflexões e os questionamentos sobre a curricularização da extensão. A mesa redonda sobre o assunto foi conduzida pelos professores Lucídio Rocha Santos, presidente do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Graduação, e Marcos Antônio Cunha Torres, presidente do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Instituições Públicas de Educação Superior Brasileiras. Ambos acentuaram que pensar essa curricularização é, necessariamente, efetivar na prática a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
“A indissociabilidade precisa ser um compromisso institucional. Também necessita ser vista como um princípio educativo-metodológico e ser uma vertente investigativa no contato com o real. Não podemos tratar o diferente como igual para não assombrarmos o desigual. Falar de indissociabilidade é criar uma nova cultura. É ser parceiro. Chamar as partes para construir juntos. Isso é importante para parcerias justas”, falou Lucídio.
A questão da indissociabilidade, segundo o presidente do Forgrad, exige um novo diálogo interdisciplinar que deve começar nos colegiados de curso. Para ele, a questão exige um docente afeto às questões da investigação e das indagações acerca dos rumos da sociedade contemporânea. Lucídio considera que, hoje, os pesquisadores estão desvinculados do ensino.“É preciso correr atrás desse novo perfil de docência. Essa indissociabilidade tem que ser um compromisso institucional”.
Já Marcos Antônio Cunha Torres voltou-se para o Plano Nacional de Educação (PNE), que tem como uma de suas estratégias, a de número 7 da Meta 12, a creditação da educação, que institui o mínimo de 10% do total de créditos curriculares para ações extensionistas, desenvolvidas em programas e projetos da área considerando-se como prioritários os espaços de atenção social. O professor destacou os desafios para implementar essa ação e a concepção de um currículo para os cursos de graduação que contemplem a indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão.
Marcos destacou que apenas 20% das universidades já conseguiram estabelecer as bases para a implementação do plano para essa questão. “Nós precisamos compreender os desafios e a qualidade necessária nessa ação. Este não é um debate novo. A Lei 9394/96 já definia que as universidades gozam da autonomia didático, científica, administrativa, gestão financeira e patrimonial, obedecendo o princípio da indissociabilidade. Lá se vão 20 anos e nós ainda não conseguimos responder às questões profundas e de responsabilidade relativas à indissociabilidade”.
A previsão do PNE, para o presidente do Forex, não deve ser apreendida apenas como uma relação numérica de carga horária, mas como um real desafio para a concepção da formação profissional que se realiza nas universidades. Para contemplar esse cenário, que pede a aproximação da universidade com a sociedade em ações no real e dentro da ressignificação do currículo, o professor acentua os desafios nesse caminho. “Não há como pensar em formação cidadã se nela os compromissos com as ações da efetiva indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão não estão inseridas nos currículos”.
*Com informações da Assessoria de Imprensa da UEPG