Concurso de Literatura Carcerária premia detentos em Irati
A saudade da família, o desejo de liberdade e a realidade por trás das grades. Temas que são as principais inspirações dos detentos de Irati, participantes do projeto de extensão da Unicentro, Concurso de Literatura Carcerária. Em sua sétima edição, a premiação contemplou cinco detentos da 41ª Delegacia de Polícia de Irati.
O agente universitário e coordenador do projeto, Nelson Susko, explica que as ações são executadas juntamente com o Conselho da Comunidade de Irati, como parte do Programa Pró-Egresso. “O concurso surgiu em 2008 quando então pensou-se em trabalhar letramento com os detentos, fazendo um trabalho de inclusão. A proposta foi levada para o Departamento de Pedagogia do campus Irati, e a professora Anizia Costa Zych foi a primeira coordenadora. A partir daí, vi a possibilidade de produzir um trabalho que tivesse um resultado final, que não fossem somente as aulas”, conta Susko.
Durante todo o ano, estagiárias do curso de Pedagogia propõem aos detentos atividades de incentivo a leitura e a escrita, e reflexões acerca da vida e da sociedade. O projeto tem reconhecimento nacional, sendo que suas ações e resultados já foram apresentados em outras comarcas do Paraná e também em Brasília.
A assistente social do Conselho da Comunidade de Irati, Maria Helena Orreda, destaca a importância desse processo de ressocialização. “Nós acreditamos, enquanto Conselho da Comunidade, que somente através da educação nós conseguiremos uma sociedade melhor para todos. Nós estamos aqui na delegacia uma vez por semana, durante o ano todo. Esse concurso é uma prova de que existem pessoas realmente com interesse de se ressocializar, de refletir sobre as causas que os trouxeram até aqui e de ter a perspectiva de uma vida melhor”, acrescenta.
Nesta edição as poesias e os contos produzidos pelos detentos foram avaliados pelo diretor de Cultura da Unicentro, Edson Santos Silva. No total, cinco detentos receberam kits compostos por um livro e materiais de higiene pessoal. Com o conto intitulado “Quantas Saudades da Minha Vida”, Eva Adelair Guilai conquistou o primeiro lugar. Ela está detida há quatro meses por tráfico de drogas e descreve no texto o seu cotidiano antes de ser presa.
“Quando fui escrever pensei muito que errar é humano, todo mundo erra e nos arrependemos. Lembrei muito da minha família, da minha casa. Lá eu plantava, levantava seis e meia da manhã para mandar meu filho para escola, e então pensei em fazer uma coisa coincidente com a minha vida, escrevi e acho que deu certo”, observa a detenta.