Pesquisa visa estudar reprodução de caranguejos ornamentais
A aquariofilia, que é a criação de peixes em aquário, conta com um mercado muito grande no Brasil. Segundo dados do Sebrae, há no país cerca de 5 mil lojas de aquariofilia, com potencial de geração de 25 mil empregos diretos e 75 mil indiretos, considerando os pescadores, os importadores, os exportadores e os distribuidores envolvidos. Todo esse mercado acaba fazendo com que algumas espécies nativas ornamentais sofram com a exploração. Em uma tentativa de entender o processo de reprodução de alguns desses animais, o professor Rafael Gregati, do Departamento de Biologia da Unicentro, desenvolveu o projeto de pesquisa “Larvicultura experimental de caranguejos marinhos ornamentais”.
“Essa pesquisa visa obter um pouco mais de informação sobre aspectos reprodutivos de uma espécie de caranguejo. Esse é um caranguejo que tem uma importância ornamental. Ao longo da costa brasileira esses caranguejos são explorados, são capturados para suprir um mercado de aquariofilia e a gente quer obter algumas informações sobre a reprodução deles, para tentar substituir esses animais que são coletados para suprir esse mercado, por aqueles produzidos ou criados em cativeiro”, explicou.
A pesquisa, que foi aprovada na última chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), conta com a participação de alunos do curso de Biologia e, também, com pesquisadores do campus Botucatu, da Universidade Estadual Paulista, a Unesp. “Eu sou o coordenador geral, mas eu tenho colaboração com a Unesp. Tenho também uma aluna de mestrado e alguns alunos de iniciação científica”, revelou Gregati.
Um dos objetivos da pesquisa é auxiliar no processo de redução do impacto sobre a diversidade nativa e, futuramente, tentar a reintrodução desses animais no seu habitat. “Nós vamos tentar obter animais produzidos para a finalidade. Então, não será mais necessário, por exemplo, remover animais do seu habitat natural e também nada impede projetos de reintrodução. Então, aqueles locais onde comprovadamente não existem mais ou aqueles em que as populações foram afetadas, nós podemos pensar em reintroduzi-las no ambiente”, conta o professor.
Os recursos obtidos para a pesquisa serão aplicados na montagem de um laboratório. A ideia é possuir uma estrutura de baixo custo para fazer o processo da larvicultura. “Nós já montamos a sala de experimentos. Essa sala já está climatizada e experimentos prévios já foram feitos com as matrizes. Mas na parte de larva, nós ainda não entramos, explica”.
Rafael conta que essa linha de pesquisa o atrai há muito tempo. Seu doutorado foi na área de espécies ornamentais e que, por ser uma área pouco pesquisada no Brasil, a satisfação em ter conseguido a aprovação do projeto é muito maior. “É a satisfação de você conseguir, concorrendo entre tantos projetos. É satisfatório você ter o reconhecimento, ter feito um trabalho que foi aprovado entre tantos. Existem poucas pessoas trabalhando com isso no Brasil. Então, são poucas pessoas que se preocupam com esse lado”, finaliza o professor.