Pesquisa revela que saúde dos caminhoneiros de Guarapuava e região é precária
Uma pesquisa coordenada pela professora do Departamento de Enfermagem da Unicentro, Carine Sangaleti, sobre condições de saúde dos caminhoneiros constatou que esses profissionais não tem a prática de cuidar do corpo e do seu bem estar constantemente. A razão disso é devido às características de sua função trabalhista, principalmente pela tensão das viagens que encaram todos os dias e pela pressão que as empresas fazem nos funcionários pela pressa em entregar as cargas.
Essa rotina afeta os caminhoneiros na hora de descansar e causa noites mal dormidas, afetando também, seu rendimento no trabalho. Além disso, na estrada eles costumam ingerir alimentos muito gordurosos, pela falta de tempo em preparar algo mais rico nutritivamente.
Quando estão no volante, esses efeitos podem colocar em risco a vida deles e de outras pessoas na estrada. A pesquisa da professora Carine, realizada em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), avaliou o tamanho da gravidade dessa situação. Publicado recentemente em uma revista britânica, a pesquisa foi fruto de 250 entrevistas com motoristas de caminhão que revelaram números alarmantes.
Mais de 70% dos entrevistados são sedentários e não praticam nenhuma atividade física; 66% consomem bebida alcoólica com frequência e 29% são fumantes. Dezenove por cento dos entrevistados assumiram utilizar alguma substância estimulante para se manter acordados e poderem dirigir por mais tempo, como o rebite. “Esses números são maiores no sul do Brasil, em estados como o Paraná, do que em outros países como os Estados Unidos”, informa a coordenadora do estudo.
Os caminhoneiros também relatam que a atividade trabalhista e a falta de tempo dificulta o acesso a qualquer outro tipo de cuidado. Isso faz com que eles troquem uma ida a um posto de saúde por uma simples ida à farmácia quando não se sentem bem.
De acordo com a Carine, esses fatores afetam a saúde e podem interferir na atenção do motorista ao volante, aumentando o risco de acidentes. “Esses problemas poderiam ser amenizados se o motorista tivesse a prática de, por exemplo, guardar frutas e verduras em térmicas para comer durante as viagens, o que resultaria em uma saúde melhor e noites de sono melhor dormidas”, aconselha.