Dinâmica e correlações ambientais em um remanescente de Floresta Ombrófila Mista Aluvial em Guarapuava, PR

Aurélio Lourenço Rodrigues

Defesa Pública: 10 de fevereiro de 2012

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Carlos Roberto Sanquetta – UFPR – Primeiro Examinador
Prof. Dr. André Felipe Hess – UDESC – Segundo Examinador
Prof. Dr. Luciano Farinha Watzlawick – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora

Resumo:

O presente estudo teve como objetivo caracterizar a composição florística e estrutura de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista Aluvial no município de Guarapuava, PR; avaliar a dinâmica da floresta no período de 2007 e 2011; bem como analisar a influência de variáveis ambientais sobre a vegetação arbórea ao longo de um gradiente ambiental. Para as avaliações florísticas, fitossociológicas e de dinâmica da floresta foram utilizadas 6 unidades amostrais permanentes de 500 m², divididas em 30 subunidades de 100 m² cada, totalizando uma área amostral de 0,3 ha. As unidades foram instaladas em 2007 e as árvores com DAP ≥ 5 cm foram medidas, identificadas e plaqueadas para as avaliações posteriores. Em 2011 as árvores tiveram o DAP remedido, sendo contabilizados a mortalidade e ingresso. Para o estudo das correlações entre variáveis ambientais e a vegetação foram empregados 3 transecções (A, B e C) ao longo de um gradiente ambiental. As transecções foram divididas em subunidades de 100 m² onde as árvores com DAP ≥ 5 foram medidas, identificadas e plaqueadas. Amostras de solos foram coletadas em cada subunidade para as análises químicas e físicas e a compactação foi avaliada também em cada subunidade com o uso de penetrômetro digital. Ao todo foram observadas 44 espécies na área de estudo, com o Índice de Diversidade de Shannon variando entre 2,62 em 2007 e 2,67 em 2011. Sebastiania commersoniana foi apontada como a espécie mais representativa da comunidade arbórea, apresentando os maiores valores de Densidade, Dominância, Frequência e, consequentemente, de Valor de Importância em ambas as avaliações (22,20% e 22,72%, respectivamente), seguida por Matayba elaeagnoides, Prunus myrtifolia e Ilex theezans. A floresta apresentou incremento médio em área basal de 0,86 m².ha.ano-1, e incremento diamétrico médio de 0,24 cm.ano-1, A taxa de mortalidade média para a floresta foi superior à taxa de ingresso (3,77% ano-1 e 2,88% ano-1, respectivamente). Quanto à caracterização do solo da área de estudo, este apresentou de modo geral acidez elevada, alta concentração de Al+3, e baixa saturação por bases, caracterizando solos de baixa fertilidade. A análise granulométrica indicou a predominância da textura argilosa em todas as subunidades e a análise da compactação não demonstrou a existência de solos significantemente compactados. Evidenciou-se com base na análise de agrupamentos a existência de gradiente edáfico nas transecções B e C e a análise de componentes principais identificou as variáveis pH e Ca como as mais determinantes entre as variáveis analisadas. A análise de correspondência canônica evidenciou a ocorrência preferencial das espécies Sebastiania commersoniana, Allophylus edulis e a exótica Ligustrum lucidum em locais com maiores concentrações dos nutrientes Ca, Mg, e P, e em locais de maior competição, representada pela área basal. Por outro lado, as espécies Prunus myrtifolia e Vitex megapotamica apresentaram ocorrência preferencial em locais de menor pH e consequentemente, com maiores concentrações de Al+3, e solos mais compactados. Conclui-se que a baixa diversidade florística, grande predomínio de poucas espécies e desequilíbrio entre taxas de mortalidade e ingresso, como observados na área de estudo, podem sem consequência dos fatores ambientais limitantes em ambientes aluviais, e as questões relacionadas à drenagem do solo e nível do lençol freático podem ser mais restritivas ao estabelecimento e desenvolvimento de espécies arbóreas que as questões de fertilidade do solo.

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