EFEITO DA POSTURA CORPORAL E MOVIMENTOS REPETITIVOS NA CARGA MUSCULAR DE OPERADORES DE HARVESTER E FORWARDER

Alysson Braun Martins

 

Defesa Pública: 14 de março de 2024

 

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Danilo Simões, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Primeiro Examinador,
Prof. Dr. Márcio Alves Marçal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri -, Segundo Examinador,
Prof. Dr. Marcos Leal Brioschi, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Terceiro Examinador,
Profª. Dra. Andrea Nogueira Dias, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Quarta Examinadora,
Prof. Dr. Eduardo da Silva Lopes, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Orientador e Presidente da Banca Examinadora.

Resumo:

O avanço da mecanização nas operações de colheita da madeira trouxe melhorias na capacidade produtiva das máquinas e postos de trabalho com cabines climatizadas, proporcionando maior conforto e segurança aos operadores. Apesar disso, existem alguns riscos ergonômicos nas operações florestais nas máquinas em relação às posturas corporais inadequadas e repetição de movimentos, expondo os operadores a elevada carga muscular e riscos de Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER-DORT). Diante do exposto, esta pesquisa objetivou avaliar o efeito da postura corporal e dos movimentos repetitivos na carga muscular dos operadores de harvester e forwarder, visando identificar os potenciais impactos na saúde e propor melhorias nas condições de trabalho. O estudo foi conduzido em uma empresa florestal localizada na região Centro-Oeste do Brasil, em povoamentos de híbrido Eucalyptus grandis x Eucalyptus Urophylla com sete anos de idade, nas operações corte e extração da madeira realizado por harvester e forwarder, respectivamente. Foram avaliados sete operadores de harvester e quatro de forwarder diariamente na execução das operações ao longo da escala de seis dias de trabalho. Foi aplicado um estudo de tempos para determinação dos tempos de trabalho e obtenção da produtividade das operações. Foram realizadas filmagens dos operadores nos postos de trabalho por meio de câmeras instaladas nas cabines das máquinas, de modo a avaliar as posturas corporais dos operadores por meio das angulações das articulações, com uso da metodologia RULA e auxílio da ferramenta computacional Kinebot®. Os movimentos repetitivos dos operadores foram avaliados por meio da metodologia OCRA, conforme previsto na ISO 11228-3:2014, sendo os movimentos (ações técnicas) caracterizados e contabilizados a partir de filmagens diárias de 12 minutos. A carga muscular em diferentes partes corporais dos operadores foi avaliada com uso da técnica de termografia infravermelha, que captou o calor em forma de radiação infravermelha emitida pelo corpo. Os registros das imagens foram realizados antes e após a jornada de trabalho ao longo da escala de trabalho. Os resultados indicaram que os operadores, em média, ficavam 75% da jornada de trabalho operando ambas as máquinas, perfazendo uma produtividade média de 92 árvores/PMH-1 e 4,5 baldeios/PMH-1 no corte e extração, respectivamente. A análise postural apontou maior risco de lesão na região do pescoço e tronco, todavia, requerendo atenção para as regiões dos ombros em ambas as máquinas. Foram contabilizados, em média, 46.116 movimentos nas mãos dos operadores de harvester e 43.160 movimentos dos operadores de forwarder, resultando pelo modelo OCRA índices de exposição 14,0 e 15,9 no harvester e forwarder, respectivamente, portanto, com nível de risco elevado à saúde dos operadores. A avaliação da carga muscular indicou variações de temperatura significativos entre os períodos anterior e posterior da jornada de trabalho para as regiões da face, orbital e mãos dos operadores. A região lombar não apresentou variação significativa de temperatura, sendo ainda verificado aumento de temperatura de 1,1ºC até o quarto dia, indicando, portanto, a ocorrência de pico de temperatura e maior risco de lesão no meio da escala de trabalho. Foi possível concluir que os operadores das máquinas florestais estudadas estão submetidos a riscos ergonômicos devido às posturas corporais inadequadas em algumas etapas do trabalho e elevados movimentos repetitivos, impactando na carga muscular de partes do corpo evidenciadas pelo diagnóstico funcional com uso da termografia infravermelha.

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