INFERÊNCIAS EVOLUTIVAS E IMPLICAÇÕES BIOMÉTRICAS EM Austropuccinia psidii (G. Winter) Beenken 2017
Renan Marcelo Portela
Defesa Pública: 17 de fevereiro de 2023
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Evandro Vagner Tambarussi, UNICENTRO, Primeiro Examinador.
Dr. Silvio Carolo Junior, REFLORA-SUL, Segundo Examinador.
Dr. Caio Césio Salgado, KLABIN, Terceiro Examinador.
Dra. Regiane Abjaud Estopa, KLABIN, Quarto Examinador.
Prof. Dr. Flávio Augusto Oliveira Garcia, UNICENTRO, Orientador e Presidente da Banca Examinadora.
Resumo:
A atividade de base florestal desempenha um importante papel socioeconômico no país. Atualmente, o Brasil é líder no ranque de produtividade em plantios florestais, entretanto, esta vem sendo afetada pelos ataques constantes de patógenos que ocasionam danos econômicos a esses cultivos. Um exemplo é a ferrugem em Eucalyptus spp., causada por Austropuccinia psidii (G. Winter) Beenken, que possui ampla distribuição geográfica e o patógeno apresenta grande variabilidade genética entre as suas populações, atacando também outras espécies da família Myrtaceae. Nesse sentido, buscou-se estudar aspectos genéticos-populacionais e evolucionários de populações de A. psidii. A base de dados foi obtida na plataforma DRYAD sob a licença CC0 1.0. Esses dados referem-se a loci microssatélites de isolados de A. psidii, obtidos a partir de isolados fúngicos advindos de amostra de 148 plantas, das quais originaram esses marcadores depositados no DRYAD. O modelo usado nas estimativas foi de quatro subpopulações de A. psidii agrupadas com base em sete hospedeiros da família Myrtaceae, sendo SPOP1 (Eucalyptus spp. +Syzygium jambos), SPOP2 (Psidium guajava + Psidium guineense), SPOP3 (Syzygium cumini) e SPOP4 (Myrciaria cauliflora e Eugenia uniflora). Essas subpopulações foram formadas com coletas feitas pelos autores do depósito dos dados nos estados da Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, além do Uruguai. Também estimou o tamanho efetivo e fluxo gênico entre as subpopulações, por meio do método de inferência bayesiana, baseado na teoria de coalescência implementada no software MIGRATE-N. Além de estatísticas descritivas e gráficos dos padrões alélicos populacionais, realizou estimativas pareadas de FST e diferenciação intra e intergrupos por análise de variância molecular (AMOVA) considerando os grupos genéticos de quatro subpopulações e os sete hospedeiros de maneira hierárquica. O fluxo gênico (Nm) entre os pares de populações foram baixos (todos < 1 unidade), e variou de 0,04 a 0,67. As estimativas do tamanho efetivo populacional (Ne) foram 119, 111, 189 e 1315 para SPOP1, SPOP2, SPOP3 e SPOP4, respectivamente. A AMOVA mostrou que a porcentagem da variação foi de 39,43% entre as subpopulações, 16,29% entre os hospedeiros dentro de subpopulação e 44,28% dentro dos hospedeiros. Os análogos de FST foram de ΦCT = 0,394 (Entre Subpopulações); ΦSC = 0,269 (Entre Hospedeiros dentro de Subpopulação); ΦST = 0,556 (Dentro dos Hospedeiros), além de altos valores pareados de FST que variaram entre 0,355 e 0,560. Os resultados obtidos agregam conhecimento acerca da compreensão da genética de populações de A. psidii, propondo cenários plausíveis em relação ao passado evolutivo e demográfico, bem como os processos que deram origem a variabilidade observadas. Possivelmente as subpopulações de A. psidii terão diferentes comportamentos ecológicos e representar ameaças invasivas distintas, sendo indicado estudos que possam mensurar os riscos invasivos apresentados pelas diferentes subpopulações. O trabalho ressalta a evidente importância da conservação genética de maneira adequada em espécies florestais comerciais, visando garantir a existência genótipos de plantas resistentes para serem usados em programas de melhoramento, considerando que a resistência será suplantada ou reduzida pelo surgimento de novas raças de A. psidii capazes de se adaptarem às defesas presente nos genótipos atualmente cultivados.