Caracterização precoce de clones de Eucalyptus spp. quanto à tolerância ao déficit hídrico utilizando diferentes metodologias
Matheus Perek
Defesa Pública: 22 de fevereiro de 2024.
Banca Examinadora:
Profª. Dra. Maria Paula Barion Alves Nunes, Universidade Estadual Paulista, Primeira Examinadora.
Prof. Dr. Gilvano Ebling Brondani, Universidade Federal de Lavras, Segundo Examinador.
Dr. Lucio Mauro da Silva Guimarães, SUZANO S.A., Terceiro Examinador.
Profª. Dra. Fabiana Schmidt Bandeira Peres, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Quarta Examinadora.
Prof. Dr. Evandro Vagner Tambarussi, Universidade Estadual do Centro-Oeste, Orientador e Presidente da Banca Examinadora.
RESUMO:
O déficit hídrico (DH) nas plantações de eucalipto no Brasil, provocado pelas mudanças climáticas e pela irregularidade das chuvas, representa um grande desafio para o setor florestal. Esse problema reduz significativamente a produtividade das florestas, impactando negativamente a economia. Com cerca de 7,6 milhões de hectares dedicados ao eucalipto, essencial para a produção de celulose, papel e energia, é crucial mitigar os efeitos do DH para garantir a sustentabilidade do setor. Compreender as respostas morfofisiológicas dos clones de eucalipto ao DH é fundamental para desenvolver estratégias de manejo e melhoramento genético que aumentem a resiliência dessas plantações, especialmente nas regiões de baixa disponibilidade hídrica. Neste estudo seis clones de Eucalyptus spp. foram utilizados nas três metodologias de indução do DH: capilaridade, gradativa em vasos e em aeroponia. A uniformidade dos clones nos diferentes métodos permitiu uma comparação precisa das respostas dos mesmos clones às distintas metodologias. A metodologia inovadora de capilaridade foi utilizada para simular o DH em um ambiente controlado, utilizando blocos de espuma fenólica que permitiram a absorção de água pelas plantas através de capilaridade. Esta técnica, oferece uma forma precisa e simples de controlar o nível de água e simular diferentes intensidades de seca, e foram avaliados múltiplos aspectos, incluindo crescimento das plantas, potencial hídrico, teor de clorofila, entre outros. Os experimentos foram conduzidos em dois períodos distintos para garantir a consistência dos resultados. Os principais resultados destacaram que os clones apresentaram variações significativas na tolerância ao DH, com alguns clones mostrando maior resiliência. Esta metodologia é vantajosa por permitir uma simulação mais próxima das condições naturais e possibilitando manejar ao longo do tempo
diferentes intensidades de DH. Na metodologia de indução gradativa em vasos, os clones foram submetidos a diferentes níveis de disponibilidade hídrica em vasos, ajustados regularmente para
equilibrar a perda de água por transpiração. Este método é amplamente utilizado devido à sua simplicidade e facilidade de implementação, embora apresente limitações em representar as
condições naturais. O delineamento experimental incluiu avaliações periódicas das respostas fisiológicas e morfológicas dos clones, destacando-se variáveis como potencial hídrico, densidade estomática e taxa de crescimento, que foram cruciais para caracterizar e diferenciar os clones tolerantes dos suscetíveis ao DH. Os resultados indicaram que alguns clones mantiveram melhor a turgescência celular e apresentaram mecanismos de adaptação mais eficazes, como a regulação estomática. Esta metodologia fornece insights importantes sobre as respostas das plantas em ambientes controlados, apesar das suas limitações. A técnica de aeroponia permitiu o cultivo de plantas em um ambiente aéreo sem solo, oferecendo um controle preciso das condições de irrigação e uma observação detalhada do desenvolvimento radicular. Três regimes de irrigação distintos foram estabelecidos para simular diferentes intensidades de seca. Esta metodologia revelou-se particularmente útil para o estudo das raízes, permitindo o acompanhamento contínuo e não invasivo. Os principais resultados mostraram que a aeroponia pode ser uma ferramenta poderosa para entender as respostas das plantas ao DH, com alguns clones demonstrando adaptações notáveis em suas estruturas radiculares e fisiologia. Os resultados indicam que a técnica de capilaridade é ideal para testar o déficit hídrico (DH), enquanto a aeroponia oferece uma compreensão detalhada do desenvolvimento radicular. Combinadas, essas metodologias fornecem uma visão abrangente das respostas das plantas tanto na parte aérea quanto no sistema radicular, oferecendo uma abordagem robusta para estudar a resiliência dos clones de eucalipto ao DH. Os resultados deste estudo são cruciais para o setor florestal, pois fornecem uma base sólida para o melhoramento genético e o manejo das florestas de eucalipto, aumentando sua resiliência frente às mudanças climáticas.