Modelagem e variação do crescimento ao longo do fuste de árvores femininas e masculinas de Araucaria angustifólia
Milayne Lopes Rickli
Defesa Pública: 28 de agosto de 2020
Banca Examinadora:
Dr. Evaldo Muñoz Braz – Embrapa – Primeiro Examinador
Dra. Rafaella De Angeli Curto – UFRRJ – Segunda Examinadora
Profª. Dra. Andrea Nogueira Dias – UNICENTRO – Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
Resumo:
Este trabalho teve por objetivo geral realizar estudos de modelagem e variação do crescimento ao longo do fuste de árvores femininas e masculinas de Araucaria angustifolia em floresta nativa. Tendo como objetivos específicos, verificar o padrão de crescimento por meio da construção de cronologias; modelar o seu crescimento em relação ao diâmetro a altura do peito (à 1,30 m de altura do solo), altura e volume (DAP, h, v) para árvores masculinas e femininas; determinar o tempo de passagem em classes diamétricas para as árvores masculinas e femininas; comparar diferentes métodos para definição do diâmetro ótimo de corte para A. angustifolia; e verificar a variação do incremento anual de madeira ao longo do fuste de A. angustifolia, analisando a influência da dioicia. Para isso foram utilizados dados provenientes de 45 indivíduos de Araucária, com diâmetros variando de 40 a 70 cm, as quais se encontravam em um fragmento de Floresta Ombrófila Mista (FOM) localizado no município de Fernandes Pinheiro, PR. A seleção desses indivíduos se deu levando em conta a condição do fuste reto; a posição sociológica no extrato superior; a fitossanidade classificada como boa e a posição de copa. Além disso, levou-se em consideração a definição de indivíduos femininos e masculinos. De cada indivíduo foram retirados cinco discos, sendo o primeiro retirado próximo à altura de 0,1 m, os discos 2 e 3 retirados da porção comercial do fuste, sendo o terceiro retirado na posição do início da copa, o disco 4 e 5 foram retirados, respectivamente, a 33% e 66% a partir do início da copa. Nesses discos foi realizada a análise de tronco (ANATRO), onde se fez a mensuração dos anéis de crescimento, reconstituindo todo o crescimento das árvores. Ainda, com base no incremento diamétrico do disco retirado na base das árvores, foi realizada a estimativa dos valores de DAP para cada idade. Com os dados da ANATRO foram ajustados três modelos de crescimento em diâmetro com casca (DAP), altura total e volume total com casca para indivíduos masculinos e femininos e para classes de árvores com crescimento superior e inferior à média, e utilizando-se o melhor modelo, Chapman-Richards, foram construídas curvas de Incremento corrente anual (ICA) e Incremento médio anual (IMA) a fim de avaliar o crescimento e produção. Ainda, a partir dos ajustes do modelo de Chapman-Richards determinou-se o tempo de passagem em classes diamétricas para as árvores femininas e masculinas. Realizou-se também a comparação de dois métodos para definição do diâmetro mínimo de corte (DMC) e determinação do ciclo de corte para A. angustifolia, o método utilizado por Schöngart e o método utilizando dados da ANATRO. Com relação às curvas de ICA e IMA, o máximo incremento médio anual observado para o diâmetro foi de 0,56 cm.ano1 e ocorreu aos 56 anos; para altura foi 0,38 m.ano-1 aos 14 anos e para volume 0,026 m³.ano-1 aos 176 anos. Já os resultados obtidos pela análise do tempo de passagem permitiram verificar que há uma tendência de o tempo entre as classes aumentar conforme aumenta o diâmetro, exceto para a menor classe de diâmetro (0-10 cm), sendo que os indivíduos masculinos levaram um maior tempo de passagem entre as classes. Na definição do DMC, observou-se que para o método de Schöngart o DMC foi de 34,77 cm de DAP aos 62 anos, e para o método usando ANATRO, o DMC foi de 47,69 cm de DAP aos 100 anos. Com relação à variação do incremento ao longo do fuste, as árvores amostradas tendem a atingir uma forma mais cilíndrica aos 90 anos. Quanto à dioicia, os indivíduos masculinos apresentam valores superiores em incrementos até os 60 anos, o que pode ser explicado pelo ciclo de reprodução dos indivíduos femininos, o qual ocasiona um maior gasto de energia e influencia no crescimento da árvore.