Modelagem de ocorrência de ocos e de equações de volume genéricas e específicas para espécies manejadas na Amazônia.
Misael Freitas dos Santos
Defesa Pública: 17 de fevereiro de 2020
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Nelson Carlos Rosot – UFPR – Primeiro Examinador
Prof. Dr. João Ricardo Vasconcellos Gama – UFOPA – Segundo Examinador
Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora
Resumo:
O sucesso do manejo das florestas nativas está condicionado ao conhecimento de características da floresta e ao aprimoramento das técnicas de gerenciamento. Duas questões merecem importância, pois interferem diretamente no manejo florestal: (i) a ocorrência de ocos nas árvores e (ii) a precisão das estimativas da produção volumétrica. Nesse sentido, objetivou-se, respectivamente: (i) avaliar e modelar a ocorrência de ocos em árvores comerciais manejadas na Floresta Nacional do Tapajós (FNT), no estado do Pará, e (ii) avaliar o desempenho de equações de volume comercial específicas por espécie, comparando-as com equações genéricas para a Área de Manejo Florestal (AMF) e por Unidade de Produção Anual (UPA). Para o estudo de ambas as questões colocadas, utilizou-se uma base de dados composta por 30.026 árvores, de 43 espécies, inventariadas, colhidas e cubadas em dez UPAs na FNT. Para o estudo da ocorrência de ocos, avaliou-se a incidência de oco em nível de espécie e árvore, bem como as características estruturais dos ocos. Modelos de regressão logística foram ajustados por espécie em função do diâmetro medido à 1,30 m do solo (DAP) para a estimativa da probabilidade de ocorrência de ocos. Também foram testadas equações para estimativa do diâmetro do oco a partir do DAP. Objetivando o aprimoramento dos métodos de estimativa dos volumes comerciais, equações de simples entrada foram ajustadas e selecionadas por espécie (equações específicas) e para a AMF e UPAs (equações genéricas). Comparou-se as equações selecionadas por meio de medidas de precisão. Calculou-se também o erro de previsão da receita monetária considerando-se as estimativas da produção volumétrica. Verificou-se que 24% das árvores colhidas continham oco, sendo que as espécies apresentaram diferentes graus de propensão à ocorrência de oco. Identificou-se que quanto maior o tamanho da árvore, maior a possibilidade de ocorrência de oco e proporcionalmente maiores são os ocos. A maioria das árvores ocas colhidas possuíam ocos pequenos, refletindo em um percentual de volume oco pouco expressivo em relação a volumetria total de madeira colhida. Padrões de ocorrência de ocos ao longo do fuste comercializável foram observados, sendo estes dependentes das espécies e do tamanho das árvores. A maioria das árvores continham ocos distribuídos em todo o fuste ou na região da base do tronco. Os modelos logísticos testados por espécie representaram adequadamente a relação entre o DAP e a probabilidade de ocorrência de ocos, sendo válidos para utilização em dados dos inventários florestais. Identificou-se que as espécies possuem diâmetros limites a partir dos quais a probabilidade de ocorrência de ocos é expressiva, podendo estes serem considerados na seleção de árvores para colheita. Modelos preditivos do tamanho dos ocos também foram desenvolvidos e são válidos para utilização na fase de inventário florestal. Apesar de ocos serem comuns em árvores comerciais, o conhecimento de suas características e de padrões de ocorrência, bem como as ferramentas de previsão, podem auxiliar os manejadores no gerenciamento de árvores ocas. Com relação às equações de volume comercial, constatou-se que a utilização de equações específicas resulta em estimativas mais precisas da produção, o que, consequentemente, minimiza os erros na previsão da receita monetária, reduzindo os riscos de perdas econômicas. Portanto, além de estatisticamente válidas, equações por espécie representam a melhor alternativa para a obtenção de estimativas mais precisas do volume comercial na FNT, recomendando-se sua utilização.