Dinâmica de floresta ombrófila densa submetida ao manejo madeireiro e incêndio na Amazônia Oriental

Daniele Lima da Costa

 

Defesa Pública: 19 de fevereiro de 2020

 

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Marcio Leles Romarco de Oliveira – UFVJM – Primeiro Examinador
Prof. Dr. João Ricardo Vasconcellos Gama – UFOPA – Segundo Examinador
Profa. Drª. Karina Henkel Proceke de Deus – UNICENTRO – Terceira Examinadora
Profa. Drª. Andrea Nogueira Dias – UNICENTRO – Orientadora e Presidente da Banca Examinadora

 

Resumo:

Muitas áreas de florestas na região amazônica estão sob regime de manejo madeireiro, atualmente, com um ciclo de corte de 25 a 35 anos. As avaliações da recuperação da floresta manejada para um próximo ciclo de corte é alvo de muitos estudos e opiniões distintas sobre sua sustentabilidade. Além da dúvida sobre a recuperação dessas áreas para um próximo ciclo de corte, os incêndios florestais que frequentemente ocorrem na Floresta Amazônica, afetam áreas manejadas e podem inviabilizar a atividade dentro do atual ciclo de manejo. Há pouco conhecimento acerca da recuperação de florestas manejadas queimadas, e dentro dessa problemática o melhor caminho é o desenvolvimento de novos estudos que avaliem e monitorem sua recuperação. Assim, o objetivo desse estudo foi avaliar a composição florística, estrutural e a dinâmica de uma Floresta Ombrófila Densa sob manejo madeireiro e que foi atingida por incêndio na Amazônia Oriental. Foram avaliadas áreas de floresta manejada (FM) e floresta sem manejo (FSM) na Floresta Nacional do Tapajós, estado do Pará, em uma unidade de produção anual (UPA), manejada em 2010. Um total de 93 e 58 parcelas permanentes, respectivamente, foram utilizadas para o monitoramento na FM e FSM. A primeira medição foi realizada em 2010, antes da extração de madeira, com sucessivas remedições em 2011, 2015, 2016 e 2017. Em 2015 após a remedição, ocorreu um incêndio acidental que atingiu todas as 151 parcelas permanentes, e assim, as remedições de 2016 e 2017 da FM e FSM foram realizadas sob o distúrbio causado pelo fogo. Foram avaliadas a dinâmica da estrutura florística e fitossociológica; a diversidade e a similaridade de espécies; taxas de mortalidade e ingresso; diâmetro das árvores mortas: incremento diamétrico; e a dinâmica somente das espécies comerciais, nos períodos antes (2010-2015) e após (2016-2017) o fogo, com a finalidade de identidicar os principais efeitos do manejo e do fogo sob áreas de FM e FSM. O manejo e o fogo causaram alterações relevantes no número de árvores e área basal ao longo dos anos. Houve maior ingresso e mortalidade na floresta manejada no período antes do fogo. Após o fogo as reduções do número de árvores e área basal foram proporcionalmente semelhantes para FM e FSM, em ambas, a redução de árvores foi mais de 40% em relação a última medição anterior ao fogo. Famílias e espécies de maiores representatividades tiveram maiores mortalidades e ingressos, havendo mudanças no valor de importância das espécies ao longo dos anos. Houve aumento na diversisidade de espécies cinco anos após o manejo e redução na similaridade de espécies em dois anos após o fogo na FM. As taxas de mortalidade e ingresso de todas as espécies e somente das espécies comerciais foram maiores na FM tanto antes quanto após o fogo. O crescimento diamétrico das árvores foram maiores após o fogo. Espécies comerciais demandantes de luz que apresentavam baixa densidade antes do fogo apresentaram maior ingresso após o distúrbio causado pelo fogo. Os distúrbios causados pelo manejo e pelo fogo contribuiram para alterações significativas na estrutura e florística na FM e FSM imediatamente após sua ocorrência. A menor similaridade de espécies após o fogo não esteve relacionada à perda de diversidade de espécies, mas possivelmente ao maior ingresso de pioneiras após o fogo. O fogo causou um desequilíbrio nas taxas de mortalidade e ingresso imediatamente após sua ocorrência, tanto para a comunidade, como apenas para as espécies comerciais. É necessária a continuação do monitoramento da recuperação da FM e da FSM sob o distúrbio provocado pelo fogo por um período maior, a fim de avaliar de forma mais definitiva o efeito dessa ocorrência natural.

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