Aspectos biométricos e energéticos de galhos de Araucaria angustifolia nativas
Emílio Carlos Zilli Ruiz
Defesa Pública: 19 de agosto de 2020
Banca Examinadora:
Prof. Dr. César Augusto Guimarães Finger – UFSM– Primeiro Examinador
Prof. Dr. Dimas Agostinho Silva – UFPR – Segundo Examinador
Prof. Dr. Saulo Jorge Téo – UNOESC – Terceiro Examinador
Prof. Dr. Luciano Farinha Watzlawick – UNICENTRO – Quarto Examinador
Prof. Dr. Afonso Figueiredo Filho – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora
Resumo:
As copas de Araucárias adultas se constituem em um componente abundante em florestas nativas de ocorrência dessa espécie, contudo, é pouco explorado em estudos florestais devido às dificuldades de acesso a esse compartimento. O objetivo dessa pesquisa foi avaliar a biometria da copa de Araucaria angustifolia adulta em florestas nativas e caracterizar o potencial energético dos galhos. Os dados são provenientes de 30 árvores adultas manejadas, de forma experimental, em que o diâmetro de base de todos os galhos foi mensurado e duas amostras (base e meio) de 195 galhos inteiros foram coletadas. Nas árvores manejadas foram mensurados dez atributos, considerados como variáveis independentes. Como a variável número de galhos é discreta, utilizou-se Modelos Lineares Generalizados com distribuição de Poisson e Binomial Negativa. Duas equações foram construídas a partir de variáveis independentes significativas, pelo método stepwise, e outras duas apenas com o DAP. Para a probabilidade de ocorrência em determinadas classes de diâmetro de galhos de amplitude de 1,0 cm, ajustou-se a Função Densidade de Probabilidade de Weibull 3p. Utilizando equação encontrada em literatura, foi estimado a quantidade de biomassa fotossintética por classe de diâmetro de galho. Os discos da base de 195 galhos coletados foram preparados para conhecer a idade e crescimento dos galhos e foi realizada a modelagem do crescimento utilizando os modelos de Chapman-Richards, Gompertz e Função Logística. Ainda, 30 galhos divididos em três tratamentos (Pequeno: até 6 cm de diâmetro de base; Médio: entre 6,0 e 10,0 cm; e Grande: acima de 10,0 cm) foram submetidos à análise de densidade básica, química imediata e poder calorífico e os resultados foram comparados entre eles e com valores de literatura para outras espécies. As variáveis significativas para estimar o número de galhos foram o comprimento de copa e diâmetro a 0,1 m de altura. O DAP apresentou-se significativo apenas quando analisado isoladamente. Apenas o modelo com o DAP como variável independente e a distribuição de Poisson não é recomendado para estimar o número de galhos. A função de Weibull apresentou aderência no ajuste pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Em relação à biomassa fotossintética, identificou-se que cerca de 20% está nos galhos acima de 10,0 cm de diâmetro. O modelo de ChapmanRichards apresentou os melhores resultados para estimar o crescimento do diâmetro da base dos galhos com casca, o qual teve um incremento médio de 0,34 cm.ano-1 aos 35 anos. Quanto às propriedades energéticas, galhos grossos e médios apresentaram características superiores em relação aos finos, principalmente na densidade e no teor de cinzas, contudo, utilizando a média agrupada da amostra, galhos de Araucária apresentaram propriedades energéticas superiores à diversas culturas florestais utilizadas para bioenergia. Conclui-se que é possível estimar o número de galhos por classe de diâmetro de base de Araucárias nativas adultas e os galhos mais grossos não são os principais contribuintes com as taxas fotossintéticas. A modelagem do crescimento do galho apresentou resultados satisfatórios podendo estimar as idades que os galhos atingem determinados diâmetros pensando em possíveis usos desse material. Galhos de Araucária, de todas as dimensões, possuem características desejáveis para uso em bioenergia, notadamente aqueles galhos com diâmetro superior a 6 cm.