Adequabilidade, diversidade genética e espécies associadas à Curitiba prismatica (D. Legrand) Salywon & Landrum
Richeliel Albert Rodrigues Silva
Defesa Pública: 06 de março de 2020
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Pedro Higuchi – UDESC – Primeiro Examinador
Prof. Dr. Alexandre Behling – UFPR – Segundo Examinador
Prof. Dr. Fábio de Almeida Vieira – UFRN – Terceiro Examinador
Prof. Dr. Luciano Farinha Watzlawick – UNICENTRO – Quarto Examinador
Prof. Dr. Henrique Soares Koehler – UFPR/UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora
Resumo:
Com as constantes alterações climáticas em conjunto com a intensificação da fragmentação na Floresta Ombrófila Mista (FOM), pesquisas têm sido demandadas para conhecer a autoecologia das espécies nativas. Neste sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o nicho ecológico, a diversidade genética e as espécies associadas de Curitiba prismatica (murta), uma espécie endêmica da FOM. A modelagem de nicho foi realizada com base na associação entre os dados bioclimáticos e de ocorrência da espécie, considerando o tempo atual e a projeção futura, nos cenários otimista (RCP4.5) e pessimista (RCP8.5), no software MaxEnt. Para o estudo da diversidade genética foram amostrados indivíduos em duas populações sob Sistema Faxinal (Marmeleiro de Baixo e Barro Branco), no município de Rebouças, PR e outras duas em unidades de conservação (Flonas de Irati e Três Barras), localizadas em Fernandes Pinheiro, PR e Três Barras, SC, respectivamente. A avaliação das espécies associadas à Curitiba prismatica, considerando as espécies iniciais (pioneiras e secundárias iniciais) e tardias (secundárias finais e clímax) foi realizada nas áreas dos Faxinais, no município de Rebouças, PR. Na modelagem de nicho, a temperatura e precipitação foram as variáveis que mais contribuíram para a construção dos modelos. Em todos os períodos e cenários o valor obtido de AUC (Area Under the Curve) foi de 0,997. No cenário atual, a espécie tem uma área de adequabilidade restrita à FOM, com distribuição restrita ao Centro-Sul do Paraná e ao Norte de Santa Catarina. No cenário futuro, ocorreram reduções nas áreas adequadas para a espécie nos cenários otimista (RCP4.5) e pessimista (RCP8.5). Na análise da diversidade genética, foram utilizados oito marcadores ISSR (Inter Simple Sequence Repeat), que foram selecionados entre 30 marcadores, que resultaram em 67 locos polimórficos. A diversidade genética média dentro das populações foi de 80,54%. Os índices de diversidade genética de Shannon (I) e Nei (He) foram de 0,53 e 0,36, respectivamente. De acordo com a identidade genética de Nei, observa-se a formação de dois grupos, um constituído pelas populações do Sistema Faxinal e outro pelas populações nas unidades de conservação, que corroborou com a análise bayesiana da estrutura genética das populações, que indicou a existência de dois grupos genéticos distintos (K = 2). No levantamento das espécies associadas à C. prismatica, foram observados 210 indivíduos arbóreos, divididos em 16 famílias botânicas e 29 espécies, sendo as espécies mais associadas: Curitiba prismatica, Casearia obliqua, Casearia sylvestris, Cinnamodendron dinisii, Ocotea odorifera e Casearia decandra. O índice de diversidade florística de Shannon (H’) e dominância de Simpson (C), considerando todas as espécies associadas foi de 2,54 nats.ind-1 e 0,14 nats.ind-1 , respectivamente. Considerando os grupos ecológicos, foi observado maior valor de diversidade e menor dominância entre as espécies tardias (H’ = 2,13 nats.ind-1 e C = 0,15 nats.ind-1 ). De acordo com os índices de competição de BAL, Glover & Hool (IGH) e Hegyi, a competição sob a C. prismatica ocorre com maior intensidade nos indivíduos com DAP ≤ 25 cm. Com base nos resultados da análise de correlação de Pearson (rp) entre os índices de competição e os incrementos período anual em diâmetro para as espécies iniciais e tardias associadas à C. prismatica, pode-se verificar que não houve correlações significativas. Considerando a transição diamétrica entre as espécies associadas, entre as espécies iniciais, a maior probabilidade de transição existe na classe entre 70 – 80 cm. Em relação às espécies tardias, a probabilidade de transição é superior entre os indivíduos com DAP > 40 cm. O estudo contribui para melhorar a compreensão das características autoecológicas de C. prismatica, subsidiando o manejo e a conservação da espécie.