Métodos de desinfestação no isolamento e indução in vitro de clones de erva-mate
Débora Cristina Pereira Prado
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Defesa Pública: 5 de março de 2018
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Banca Examinadora:
Prof. Dr. Ivar Wendling – EMBRAPA – Primeiro Examinador
Prof. Dr. Flávio Augusto de Oliveira Garcia – UNICENTRO – Segundo Examinador
Profª. Dra. Fabiana Schmidt Bandeira Peres – UNICENTRO – Orientadora e Presidente da Banca Examinadora
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Resumo:
Ilex paraguariensis (erva-mate), é uma espécie de grande importância ambiental, social e econômica, na região sul do país. Métodos de propagação vegetativa, como o cultivo in vitro, desde que se desenvolvam protocolos viáveis, podem ser utilizados para a produção de mudas a partir de clones selecionados, na formação de ervais com maior produtividade e uniformidade. Entretanto, a contaminação bacteriana e fúngica e a oxidação fenólica têm sido os maiores entraves para a propagação in vitro da erva-mate. Este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de soluções inorgânica e orgânicas em diferentes tempos de imersão (10; 20; 30 e 40 minutos), na etapa de isolamento e indução in vitro de gemas axilares em segmentos nodais e gemas axilares isoladas. A solução inorgânica utilizada nos experimentos constituiu-se de hipoclorito de sódio (NaOCl) (7,5; 10 e 20 mL. L1), e as soluções orgânicas foram compostas por Equisetum hyemale L. (10 g. L-1), própolis (5 e 10 mL. L-1), óleos essenciais de Melaleuca alternifolia Cheel (melaleuca) (5 e 10 mL.L-1), Menta arvensis L. (hortelã-japonesa) (1,25; 2,5; 5 e 10 mL. L-1), Syzygium aromaticum (L.) Merr. & L.M. Perry (cravo) (1,25 e 10 mL. L-1) e Cymbopogon citratus (DC) Stapf (capimlimão) (1,25; 2,5 e 5 mL. L-1), em diferentes combinações ou puros, de acordo com cada experimento. Ao meio de cultivo MS, contendo 100% e 25% da concentração de sais, acrescido de 3% de sacarose, 0,01% de mioinositol e BAP, adicionaram-se ou não os produtos utilizados para composição da solução orgânica. Avaliou-se ainda o tipo de propágulo utilizado na confecção dos explantes (segmento nodal e gemas axilares isoladas). No caso dos segmentos nodais, avaliou-se a origem dos propágulos (de brotações menores e maiores que 15 cm de comprimento), bem como a posição do explante na brotação (basal, mediana ou apical). Foi avaliado também o efeito de antioxidantes (ácido ascórbico, cisteína e carvão ativado); concentrações do regulador de crescimento BAP (1 e 2 mg. L-1) e extrato pirolenhoso; e condições de cultivo (câmara escura, sala de crescimento com fotoperíodo de 16 horas e DBO). O delineamento adotado foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições constituídas de quatro tubos de ensaio, contendo um explante por tubo. As características avaliadas foram a porcentagem de contaminação bacteriana, de contaminação fúngica, de oxidação, de sobrevivência e de indução de brotações. A análise estatística foi realizada por meio do teste de Kruskal-Wallis (KW) e as médias foram comparadas pelo Teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade de erro. Os óleos essenciais de M. arvensis e S. aromaticum utilizados em solução desinfestantes foram eficientes na redução da contaminação fúngica e bacteriana. Quando utilizados no meio de cultivo, foram eficientes na obtenção de culturas livres de contaminação fúngica e bacteriana, contudo não houve brotação de gemas axilares. O tratamento de desinfestação que resultou em maior número de explantes com brotações foi a imersão dos explantes por 30 minutos em 7,5 mL. L-1 de NaOCl. Os propágulos da região basal, independente do tamanho das brotações utilizadas (maior ou menor que 15 cm), resultaram em maior sobrevivência e brotações induzidas. Explantes de segmento nodal resultaram em maior brotação, enquanto as gemas axilares isoladas resultaram em menor contaminação. Não houve diferença significativa entre as doses de BAP aplicadas e não houve redução da oxidação pelos antioxidantes empregados, porém o ácido ascórbico auxiliou no controle de contaminação bacteriana. A melhor condição de cutivo dos explantes foi em sala de crescimento sem pré-isolamento em câmara escura. A oxidação foi o fator mais limitante ao sucesso do isolamento e indução in vitro, para os clones estudados.