Efeitos de fatores locais e da paisagem na restauração ecológica da Mata Atlântica

Julio Ricardo Caetano Tymus

Defesa Pública: 29 de setembro de 2017

Banca Examinadora:
Profª. Dra. Maria Cristina Mendes Marques – UFPR – Primeiro Examinador
Prof. Dr. Elynton Alves do Nascimento – UNICENTRO – Segundo Examinador
Prof. Dr. Paulo Costa de Oliveira Filho – UNICENTRO – Orientador e Presidente da Banca Examinadora

Resumo:
As ameaças das mudanças climáticas impulsionaram nos últimos anos discussões e iniciativas em todo o planeta com objetivo de recuperar ecossistemas naturais — em especial as florestas — como forma de mitigação e adaptação aos futuros cenários da variação climática prevista. Procurando contribuir com metas internacionais de restauração, o Brasil buscará recuperar 12 milhões de hectares de florestas até 2030. Para alcançar esse objetivo, inter alia, é necessário ampliar o conhecimento sobre os fatores ambientais que regem o processo de regeneração natural de florestas, considerando aumentar o emprego de técnicas de restauração passiva. A referente pesquisa buscou analisar se seria possível utilizar somente fatores ambientais paisagísticos para identificar terras aptas ao uso de técnicas de restauração passiva em florestas tropicais, dado que estudos frequentes relatam tal potencialidade. Sendo assim, foram avaliadas 78 amostras de 4m X 25m (unidades amostrais – UAs), em áreas de restauração do bioma Mata Atlântica, localizadas na bacia hidrográfica do rio Camboriú, região sul do Brasil. Em tais amostras foram avaliados parâmetros de desenvolvimento da vegetação arbórea e arbustiva nativa (variáveis resposta). Nas mesmas amostras foram mensurados fatores locais que poderiam influenciar na regeneração natural (preditoras locais). E por meio de técnicas e ferramentas de geoprocessamento, em nove das 78 amostras, mensurou-se os percentuais de área representada por diferentes classes de uso e ocupação do solo — considerando um raio de avaliação de 100 m a partir localização geográfica de cada amostra (preditoras paisagísticas). Os dados de 9 UAs foram analisados estatisticamente para verificar a capacidade de explicação de variáveis paisagísticas e locais sobre os resultados de regeneração natural. Para isso foram determinados modelos de regressão por meio do critério de informação de akaike (AIC). A importância de cada variável foi determinada mediante o acréscimo da porcentagem de explicação do coeficiente de determinação, quando da inserção da preditora no modelo. Complementarmente, para dados de 78 UAs, foram efetuadas análises de variância com um fator e teste de Fisher, buscando comprovar a significância (p < 0,05) dos efeitos das variáveis “Cenário Inicial” e “Infestação de Herbáceas” sobre os resultados de desenvolvimento da regeneração natural. Os resultados das análises demonstraram maior percentual de explicação para preditoras locais, em detrimento das preditoras paisagem. As variáveis preditoras com maior percentual de explicação individual, na seleção de modelos, foram “Infestação de Herbáceas” e “Cenário Inicial”. Estas preditoras, por serem locais, propiciaram submeter a matriz de dados a nova análise e com maior número de unidades amostrais (78), conferindo maior robustez aos resultados. Contatou-se, novamente, a significância (p valor < 0,05) do percentual de infestação de herbáceas, apresentando efeitos negativos para regeneração à medida em que esse percentual aumentou; e o cenário inicial, demonstrando que áreas menos perturbadas apresentam melhores resultados de desenvolvimento da regeneração natural. Dentre os fatores ambientais paisagísticos, apenas “Estradas Rurais” e “Fragmentos Fonte de Propágulos” apresentaram efeitos significativos — sendo os maiores percentuais de explicação atribuídos à proporção desse último preditor. É possível afirmar que os fatores ambientais paisagísticos, apesar de relevantes, não conseguem explicar majoritariamente o desenvolvimento da regeneração natural de floretas no bioma Mata Atlântica. Essa situação, por consequência, pode limitar o uso exclusivo de características da paisagem na identificação de terras aptas a aplicação de técnicas de restauração passiva.

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