Unicentro participa de campanha pelo Mês de Conscientização da Afasia

Unicentro participa de campanha pelo Mês de Conscientização da Afasia

Junho é o mês de conscientização da afasia, que é um distúrbio de linguagem cujos sintomas podem se manifestar tanto na produção, quanto na compreensão da fala ou da escrita. “A afasia é um distúrbio de linguagem decorrente da lesão cerebral. Esse distúrbio envolve a alteração na fala, na escrita, na compreensão, na expressão dessa fala após uma lesão cerebral. O paciente afásico é um falante constituído, que, muitas vezes, tinha seu emprego e suas atividades cotidianas com a família. Após a lesão cerebral ele vive esse drama subjetivo-social envolvendo a lesão cerebral, a fala em sofrimento com uma patologia de linguagem, vivendo essa nova condição que, muitas vezes, leva ao isolamento social”, explica a professora de Fonoaudiologia da Unicentro Juliana Ferreira Marcolino Galli.

A professora Juliana é representante da Unicentro no Caaf em Rede, uma união dos centros de atendimento a afásicos que envolve a Unicentro, a PUC São Paulo e a Universidade Federal da Bahia. O Caaf em Rede foi organizado a partir de uma pesquisa multicêntrica, apoiada pelo CNPq, que é o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.Juntas, as três universidades aderiram à campanha de conscientização da afasia lançada pela Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, e estão publicando, ao longo do mês, conteúdos informativos no Facebook e no Instagram do Caaf em Rede.

A campanha ‘Entre a afasia e a informação: seja essa ponte’, da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, chama a atenção para aafasia e para dar visibilidade ao seutratamento. A gente sabe que 75% dos casos de afasia resultam de Acidente Vascular Cerebral. Os dados são alarmantes. Anualmente, 17 milhões de pessoas são vítimas de AVC no mundo. Estima-se que um terço dos pacientes que sobrevivem ao AVC se tornam afásicos. Embora a incidência da afasia seja maior entre idosos, também pode acontecer em jovens, adultos e, até mesmo, em crianças. A afasia pode estar associada a outros distúrbios, como sensório-motores, paralisia ou paresia dos membros, por exemplo visuais ou auditivos, emocionais”, relata Juliana.

Ainda durante este mês, a professora Juliana vai participar de mais uma ação pela campanha de conscientização da afasia. A docente será entrevistada no programa Espaço Cidadão, da Rádio Najuá, no dia 23de junho, às nove horas da manhã. A transmissão poderá ser acompanhada na frequência 106,9 FM ou pelo site da rádio. Na ocasião, a professora pretende também salientar que, na Unicentro, os pacientes com afasia podem contar com um acompanhamento qualificado no Centro de Atendimento a Afásicos, do Laboratório de Estudos da Linguagem, oLalingua, que é vinculado ao Departamento de Fonoaudiologia. 

Em Irati, a gente tem o atendimento clínico fonoaudiológico do afásico, que é um atendimento individual e semanal. Temos também o ponto de encontro, que é voltado à inclusão social e exercício da cidadania, com oficinas com os afásicos. Em 2019, a gente fez oficinas, como de artes, aulas de ioga, a participação da Assistência Social. Paramos os encontros em grupo pela situação da pandemia, mas é uma proposta que em um melhor cenário da pandemia a gente retorne. A gente também oferece atenção à família, que é um espaço para se discutir os desdobramentos relativos ao cuidado do afásico. Também temos a parte de formação teórica e clínica de fonoaudiólogos e estudantes da graduação, que são supervisionados, que também desenvolvem atendimentos e pesquisas”, diz.

O agendamento para receber atendimento pela Unicentro pode ser feito por qualquer paciente ou familiar de alguém com afasia, sem necessidade de encaminhamento médico. O contato com o Centro de Atendimento a Afásicos da Unicentro pode ser feito pelo WhatsApp – o número é o (42) 99904-0346, ou telefone fixo (42) 3421-3224. Uma das estudantes de Fonoaudiologia que conduzem os atendimentos a afásicos na universidade é a Karen Camila Coltro. “Eu atendi um senhor com muitas dificuldades de linguagem. Com ele, era utilizada a leitura conjunta em voz alta. Agora, atendo uma senhora que possui mais dificuldades na leitura conjunta. Eu utilizo com ela a melodia e a escrita, que está mais preservada. É interessante pensar que em ambos os casos, possuem uma fala repleta de jargões, que seriam segmentos de fala que se repetem e são inteligíveis. O direcionamento terapêutico para cada um deles é singular, até mesmo em pacientes que possuem o mesmo diagnóstico patológico, que seria a afasia”, conta sobre como é feito o direcionamento de cada caso, conforme suas particularidades.

Uma das pacientes afásicas atendida pela Unicentro é aEliane Domingues, de 55 anos de idade, residente de Rebouças, município vizinho de Irati. Há cinco anos, ela teve um AVC e ficou com dificuldades para se comunicar. Entrevistada pela professoraMichelly Daiane Gaspar Cordeiro, que também coordena o Caaf Unicentro, a paciente conta como foi o tratamento na universidade, que envolveu, entre outras atividades, sua participação emoficinas de pintura.Segundo as coordenadoras do Caaf Unicentro, quando procurou a universidade, Eliane não lia, não escrevia e sua oralidade era incompreensível na maior parte das conversas. Hoje, após o atendimento fonoaudiológico, ela já consegue sustentar um diálogo, reformula sua falaquando o outro não compreende, além de conseguir ler e escrever novamente.

O Centro de Atendimento a Afásicos da Unicentro é, também, uma via de mão dupla, pois colabora com a formação de estudantes do curso de Fonoaudiologia. A egressa Sabrina Pereira dos Santos, por exemplo, fez atendimentos noCaaf Unicentro em 2019,durante a graduação, edepois de formada, conquistou boas oportunidades para a sequência de sua carreira. “Com toda essa primeira experiência, no final daquele ano eu participei do processo seletivo para entrar no Mestrado do Programa de Pós-Graduação do Lael (Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem), da PUC São Paulo. Passei em primeiro lugar, como bolsista Capes, e minha pesquisa é na área de afasia. O que me levou a ter interesse neste tema foi o primeiro caso que eu atendi na Unicentro”, complementa.

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