
Numape Florescer de Guarapuava participa de debate em Pinhão
O projeto de Extensão Numape Florescer de Guarapuava já começou a atuar fora dos limites da cidade. A equipe do Numape esteve no final de agosto na cidade de Pinhão, a 50 km de Guarapuava, a convite do jornal regional Fatos do Iguaçu, participando de um painel sobre questões envolvendo o combate à violência contra a mulher. A coordenadora do projeto, professora Ariane Pereira (Departamento de Comunicação Social da Unicentro), uma das debatedoras da mesa, falou sobre os trabalhos desenvolvidos até o momento e também sobre a questão histórica do machismo. “Nossa sociedade ainda aceita os comportamentos violentos do homem em relação à mulher, essa violência permanece, faz parte do nosso cotidiano. Nossa intenção é trazer números sobre o assunto e também mostrar materiais produzidos pelo Numape Florescer”, destacou a coordenadora.
A atividade em Pinhão fez parte das ações locais que marcaram a passagem dos 11 anos da entrada em vigor da Lei Maria da Penha, nome dado à legislação brasileira que garante a proteção das mulheres contra qualquer tipo de violência doméstica. Neste cenário, Numape faz referência ao tema e significa Núcleo Maria da Penha. A Unicentro mantém duas unidades desta natureza: o Numape Florescer (Campus Santa Cruz, Guarapuava) e o Numape Irati.
A lavradora e moradora de Pinhão Rosa Prudente Macedo, 52 anos, foi uma das mulheres presentes no debate. Para ela, a importância do evento está na transmissão do conhecimento acerca da lei: “Eu nunca fui vítima de violência, mas na minha família já tive pessoas que foram. Isso foi muito difícil para mim, porque eu não podia fazer nada, não sabia como fazer. Agora, depois de tudo o que aprendi aqui, posso até mesmo levar essas informações para outras pessoas”, explica.
Residente no município de Pinhão há mais de 20 anos, a costureira Ana Furquim da Silva, 70, considera de extrema importância a realização de ações como esta, visto que a maioria das mulheres ainda tem muito medo de denunciar casos de violência: “Convivo com pessoas que sofreram violência, mas que tem medo de falar. Esse tipo de ação incentiva as mulheres daqui a irem atrás dos seus direitos, mesmo sendo muito complicado tomar essa decisão”, completa.

A coordenadora do Numape Florescer, professora Ariane Pereira, foi uma das debatedoras da noite em Pinhão
Organizadora do evento, a pedagoga e diretora do jornal Fatos do Iguaçu Nara Coelho explica que a proposta de um painel surgiu a partir do alto número de ocorrências cidade, o que mostrou que a situação deve ser encarada não apenas como familiar, mas sim como uma questão social: “Quando uma mulher sofre violência, esse não pode ser apenas um problema dela, isso deve ser encarado como um problema social, então, o objetivo principal dessa mesa é fazer o povo dar uma pensada sobre algo tão recorrente na cidade”, finalizou Nara.
Além de Ariane, participaram como debatedores a psicóloga do CREAS, Centro de Referência de Assistência Social do Pinhão, Jolly de Oliveira, o promotor de justiça da comarca do município, Diogo de Araújo Lima e o delegado de Polícia, Rodrigo Cruz dos Santos. Em breve, os Numapes da Unicentro também atuarão em outros municípios, como Bituruna, Boa Ventura do São Roque, Nova Laranjeiras e outras 10 cidades da região. As duas unidades extensionistas da instituição fazem parte dos mais de 100 projetos que têm sido financiados em todo o Estado pelo Programa Universidade Sem Fronteiras (USF), vinculado à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti/PR).