Corpo da imagem: mediação e representação nos novos meios tecnológicos
“As várias dimensões somáticas envolvidas nos processos de mediação – que são as principais temáticas desta comunicação – constituem um horizonte teórico ainda cheio de equívocos e, em muitos casos, impedem a aferição do seu estatuto epistémico no âmbito de uma teoria dos media. Além disso, no discurso dominante sobre a relação entre medium e corpo – principalmente ancorado nas metáforas protésicas de McLuhan –, existe uma abordagem antropomórfica que nos impede de vislumbrar e explorar todos os seus nexos de articulação. Aliados a esta abordagem surgem, também, modos descritivos que, sob a forma de Ekphrasis, tendem a favorecer mais a reificação das experiências individuais e as projeções psíquicas dos seres humanos e menos a consciência das múltiplas conexões que ligam o corpo aos processos de mediação. Como intentarei mostrar, a falta de um quadro conceptual capaz de destacar todas essas conexões não só fragiliza qualquer actualização crítica dos conceitos usados pela teoria dos media, como também põe em causa a análise sobre os novos dispositivos de mediação. Mas, mais do que isso, os equívocos conceptuais tendem a obscurecer as inscrições somáticas que cada novo meio promove, bem como os seus efeitos estruturais na configuração do próprio meio. Tendo em consideração todas estas possibilidades, adoptei, como principal máxima, a seguinte formulação seminal: em cada novo artefacto de mediação existem características tecnológicas auto-reflexivas que, tanto na esfera empírica quanto na esfera imaginária, reactualizam e reintegram o corpo na sua própria constituição material. Portanto, o escopo desta comunicação é duplo: analisar as inscrições do corpo nos meios tecnológicos e as representações do corpo por estes suscitadas.”