Expressões do Eu
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Este trabalho tem a intenção de traçar uma linha através de um processo criativo pessoal, a ideia central é observar o desenvolvimento da poética e do olhar. Partindo disso, este trabalho trata-se de um tratado de paz comigo mesma, que hoje reconhece o verdadeiro valor da Eu artista e Eu corpo. A necessidade de utilizar meu corpo como suporte é uma forma de exorcizar todos aqueles sentimentos que não me cabem mais, hoje com uma bagagem maior de estudos, consigo refletir sobre que pretendo transmitir em minhas produções. A ideia principal é trabalhar o corpo feminino a partir de uma poética feminista, fora da ótica do consumo e objetificação, além disso, trazer a minha subjetividade e tudo que carrego como mulher. Iniciando a discussões, a coletânea de fotos selecionadas está dividida em dois momentos, a primeira diz respeito ao um processo de reencontro com o meu estilo de produção, e a segunda se trata de um processo de experimentação com cores. Em ambos processos de criação, priorizei trabalhar com o meu corpo e suas possibilidades, ou seja, explorá-los sob aspectos diferentes. A primeira parte das obras foi realizada em setembro de 2020, em um dos momentos críticos da pandemia, toda a tensão de todos esses meses presa dentro de casa, me fez muitas vezes questionar o meu papel de artista, então os autorretratos, funcionaram como uma espécie de busca para trazer-me de volta pro mundo ou a vida real, mesmo que de uma maneira simbólica. Ver a vida na inércia da pandemia foi um momento muito doloroso e diversas questões pessoais se colocaram à mostra, e a solução foi trabalhar com elas. A segunda parte das produções aconteceu no mês seguinte (outubro), nelas decidi trabalhar com as cores espalhadas pelo meu corpo. Como me senti mais à vontade, busquei posições que o exploram de outras formas. O fluxo de movimento é mais intenso em relação às produções anteriores, a ideia principal aqui é mostrar que esse corpo agora descobriu seu movimento, tornando-o mais intenso, forte e colorido, ali naquelas fotos o corpo já saiu da inércia e se reencontrou com o verdadeiro lugar que ele deve ocupar. É nesse momento que o esse corpo se alinha e se conecta com os ambientes que ele ocupa. O uso das cores é justamente para mostrar que é um corpo que está de volta à vida e ciente de sua energia. Essas duas produções foram muito significativas pois fazem parte de um dos finais de ciclo mais importantes da minha vida, que é a minha graduação, e esse ciclo não poderia fechar de outra forma que não fosse essa: produzir a partir de tudo que eu aprendi em todos esses anos. Hoje eu posso fechar esse processo e dizer que me orgulho da artista e professora que me tornei e encerro esse trabalho com o melhor de mim, minha arte.
Palavras-chave: Fotografia. Corpo. Feminismo.
Autora: Amanda Potyrala de Morais