Todas as histórias se cruzam no final
Uma tarde tranquila de segunda-feira não trouxe muitos visitantes ao cemitério localizado no bairro Santa Cruz, em Guarapuava. A maioria que ali que se encontravam eram trabalhadores, mas enquanto caminhava e observava o ambiente, o cheiro de vela sendo queimada me atingiu. Foi quando percebi na cruz mestre um casal, a mulher carregava consigo uma sacola de plástico (provavelmente de mercado) e um papel nas mãos. Os dois permaneceram no mesmo lugar rezando por algum tempo, não sei definir quanto exatamente, pois segui explorando o local.
Visitar um cemitério sempre foi uma experiência capaz de me trazer certa agonia, só costumava fazer esse tipo de visita em Dia de Finados com minha mãe e meus avós. E ainda com tanto tempo desde a última vez, a sensação foi a mesma. Enquanto passo entre os locais de descanso eterno de tantas pessoas, reparo em suas diferenças: alguns jazigos são complexos e grandiosos, construções que devem ter custado uma fortuna, assim como as diversas estátuas majestosas espalhadas por ali; já outros túmulos são simples, às vezes não eram sequer revestidos por lajotas, como a maioria.
Apesar disso, o que mais chama a minha atenção são as placas que apresentam quem está ali, quando nasceu e quando morreu, em algumas era possível ler também uma pequena homenagem. Algumas famílias juntam diferentes gerações no mesmo mausoléu, outras pessoas descansam sozinhas ou com uma única companhia, como a pessoa que amaram em vida. São pessoas de diferentes idades e classes sociais, com histórias que possivelmente foram enterradas junto delas, e todas encontraram o mesmo fim.
Texto: Ana Lara Chagas Oliveira
Edição: Maria Isabela Andrade