Dos dias de glória aos dias de ódio

Qual será o futuro da carreira de Woody Allen, um homem estigmatizado que não se importa com a raiva do público sobre ele, mas que teme a falta de senso crítico popular?

 

O estadunidense Woody Allen — um dos mais polêmicos e famosos diretores do cinema mundial — tem opiniões fortes. Sobre a área de atuação dele, as convicções são conservadoras. Ele é saudosista e infeliz com os rumos que o campo cinematográfico tem tomado, e isso ao redor do mundo, não somente com o que é produzido em Hollywood.

Pessimismo define bem a visão de Allen para o futuro da profissão. Para ele, o cinema é feito para fazer o público pensar, sentir e compartilhar ideias, e isso não acontece mais, pelo menos não naquilo que faz sucesso.

As crenças reflexivas de Woody Allen extrapolam o mundo cinematográfico. Ele pensa muito sobre a sociedade, também. O comportamento social não afetou somente como ele lida com o trabalho, mas como leva a vida pessoal.

Completamente contrário à cultura de cancelamento devido a um histórico conturbado, Allen sofre com boicotes em diversos aspectos. Ele é um cancelado. “A cultura do cancelamento é estúpida e até risível”, expressa. Como poderia pensar de forma diferente? Para ele, esse será um motivo de vergonha, uma mancha na história do comportamento social.

Apesar de sofrer com as consequências de um passado cheio de controvérsias, Woody Allen acredita que não é por isso que sua carreira no cinema pode acabar. Existem bons profissionais que estão dispostos a trabalhar com ele ainda. Allen não julga necessitar de ajuda para se manter no cenário cinematográfico. Figurinistas, atores, diretores de fotografia… ele ainda tem quem o apoie. Levando em conta esse suporte, ele até tinha vontade de fazer filmes para sempre, mas provavelmente não vai ser bem assim.

Esse pessimismo que ele tem com o campo em que trabalha o faz pensar em ir para os teatros. Lá, ele vai ter o espectador bem vestido, arrumado e pronto para ter uma experiência completa de contemplar uma obra de arte como deve ser feito, assim como era nos adorados e distantes tempos de glória do cinema.

 

Texto: Ana Gabriela Alves

Edição: Maria Isabela Andrade

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