Cemitério Santa Cruz: um lugar, muitas histórias

Dia 28 de Novembro, às 9:33, chego no cemitério Santa Cruz. Ao passar pelo portão branco que está bem gasto, vejo bem lá no fundo uma capela na cor azul semelhante ao céu, com algumas listras brancas. Vou caminhando pelos corredores do lugar, observando os túmulos vejo que todos eles têm algum tipo de flor, com diferentes cores e tamanhos. Me aproximo da capela, mas sem entrar.

Um dia nublado, com o sol querendo aparecer, as árvores balançavam de acordo com o vento, que estava muito forte, o ar tinha um cheiro de grama molhada misturado com vela queimada. Percorro por diversos túmulos quando um em específico me chama atenção, de cor marrom era dos mais simples ali, e a seguinte informação me prendeu, 25/09/1953 – 5/11/1953. Aquela pessoa viveu apenas um mês e meio, a família em sua lapide escreveu: “veio mostrar alegria e sorrisos, voltou deixando o coração de teus pais e irmão transpassados de dor e saudade”.

Saindo da li encontro um casal, aparentemente de boa condição financeira, ambos vestiam um moletom na cor preta, estavam acedendo uma vela e parados em frente à cruz de madeira branca rodeada de flores. A mulher era mediana. Tinha cabelos marrons que certamente eram pintados, pois sua raiz estava descolorida. Segurava uma sacola branca, sua expressão era pura tristeza e seus olhos transbordavam lágrimas.

O homem ao lado da mulher, que deve ser seu marido pela aliança no dedo dos dois e por terem chego de mão dadas. Ele era alto, branco e com cabelos pretos, segurava um terço rosa em uma das mãos e usava um relógio em um dos pulsos. Chegando mais perto do casal, pude escutar que estavam rezando a oração do Pai Nosso.

No outro lado do cemitério, bem lá na parte de trás, quase na saída, me deparo com uma outra pessoa. Eu estava parada em frente ao túmulo, escuto passos do meu lado, quando vejo uma mulher. Ela era baixa de roupa preta, com os cabelos presos, uma sacola branca de pano nas mãos e calçando calçando sapatilhas. Observo-a ir em direção ao um túmulo e começar a rezar. Para deixá-la mais à vontade, saio de perto e caminho em direção a um dos portões do lugar, lavo minhas mãos em uma torneira do lado de fora e sigo meu caminho.

Texto: Ana Mattos

Edição: Maria Isabela Andrade

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