O Brilho Eterno de Uma Mente Cheia de Lembranças

Na manhã do dia 28 de novembro de 2022 explorei, pela primeira vez, o Cemitério Santa Cruz de Guarapuava. Foi um passeio estranho, principalmente para uma segunda-feira qualquer como aquela, semanas após o dia de Finados. Eu não estava sozinha, fui com minha turma da faculdade.

Nos separamos em grupos para podermos explorar o lugar todo, e me juntei ao meu colega Daniel. À primeira vista, foi uma confusão. Era um cemitério grande, meio desorganizado. Os corredores eram irregulares, em alguns pontos chegavam a ser inexistentes. Era definitivamente diferente de todos os que eu já havia ido em outras cidades. Em todos os sentidos, para mim, era um lugar esquisito.

Além dessa questão da falta de praticidade que era gerada por ser um local nada intuitivo, a quantidade de túmulos antigos também me gerou estranheza. Minha cidade natal, Toledo (Paraná), só tem 70 anos de idade. Do povo mais antigo que mora lá, poucos nasceram e foram criados no próprio município. Em Guarapuava, as coisas são diferentes. Variadas idades, pessoas que se foram há muitos anos, gente que nasceu há quase dois séculos. Tudo isso sempre me encantou. Aquele cemitério era um labirinto que, naquele ponto, já me fazia parar e refletir sobre a vida a cada esquina que eu virava.

Um dos túmulos que mais me impressionaram foi o da família Cebulski. Onze membros da família foram enterrados juntos, e todos morreram bem velhos. Longevidade é algo que pode definir esse grupo de pessoas. Tradição, também. Analisando a gente que está lá, pessoas como o patriarca Thome Cebulski, que quando nasceu o Brasil ainda era um império, em 1878, imagino como seria a vida naquela época, em Guarapuava. O que mudou? O que continua o mesmo? Como essas pessoas lidavam com o clima instável e imprevisível dessa região em uma época com tão poucos recursos?

Aqueles túmulos, em geral, eram o registro de centenas de vidas que já acabaram. Vários estavam junto a seus familiares, descansando pela eternidade lado a lado. Alguns jazigos eram mais bonitos, requintados. Outros, extremamente simples. Tinha também aqueles que sequer marcavam o nome de quem repousava ali. Tudo que eu conseguia pensar era de que forma aquele indivíduo tinha tocado quem viveu com ele. E como não importava quem você fosse em vida pois ali, naquela hora, naquele lugar, sua representação seria como a de qualquer outro: um bloco de concreto para toda eternidade.

 

Texto: Ana Gabriela Abreu

Edição: Maria Isabela Andrade

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