A pandemia e as consequências do abandono de animais
Summary
O poder público e protetores voluntários tentam amenizar os impactos
Logo no início da pandemia os resultados eram bons, o Brasil teve um crescimento no número de pessoas a procura de um animalzinho para companhia neste período de isolamento social, mas no decorrer do tempo, notícias falsas que diziam que os animais poderiam ser transmissores da doença fizeram com que houvesse uma reviravolta nesses dados.
O número de animais em situação de abandono cresceu expressivamente nesse período, não existem dados oficiais sobre o assunto no país, mas relatos de Organizações não governamentais (ONGs) e de protetores de animais apontam esse aumento. Desemprego, diminuição da renda, mudança de casa, término do casamento e até medo de contrair a doença foram os argumentos dados pelas pessoas para abandonar e devolver seus pets. Os casos atendidos pelo protetor voluntário Marcelo Marcos Vichar dobrou durante a pandemia.
“Muitos animais abandonados passaram fome durante todo esse tempo, muitos foram atropelados devido estarem na rua, outros morreram e os maus tratos também cresceram”, enfatiza ele.
Marcelo trabalha como vigilante e há 9 anos realiza resgates, atendimentos, acompanhamento e orientação de famílias diante o cuidado com os animais, tudo isso com a ajuda da comunidade por meio de rifas e doações, essa orientação se dá após o recebimento da denúncia de maus tratos.
“A gente procura orientar a pessoa denunciada, que seu animal não está dentro das condições. Muitas das vezes com uma boa conversa, tudo se resolve, daí a vida do animal melhora e muito. Após isso, as pessoas passam a dar a atenção e também o que o animal merece. Mas, quando não tem conversa, a gente encaminha o caso até a Polícia Civil e eles tomam as providências cabíveis”, relata o protetor de animais.
O contato do ser humano com cães e gatos ao passar dos anos foi se estreitando e se tornando um vínculo afetuoso, acarretando mudanças sociais, por conta disso, estes animais conquistaram o ‘status’ de membro das famílias, passando a viver mais dentro das casas, do que fora.
Apesar disso, a cada ano a população de animais em situação de abandono nas ruas de diversas cidades do Brasil aumenta significativamente. Segundo o Instituto Pet Brasil (IPB), a população de animais no Brasil é composta por cerca de 140 milhões, os cachorros são maioria com 54,2 milhões e os gatos representam 23,9 milhões. Desses, 2,7 milhões de cães e 1,2 milhões de gatos estão em condição de vulnerabilidade. A estimativa de vida de um cão é de 10 a 15 anos, e a de um gato é de 2 a 16 anos, sendo reduzido drasticamente por estarem em condição vulnerável (Levantamento realizado em 2019).
Encontrar animais abandonados, principalmente cães, é um problema público que atinge todos os municípios. Pensando em reverter esta situação em Guarapuava, a Secretaria de Meio Ambiente, em parceria com a Sociedade Protetora dos Animais (Spag) e as Ongs, realizam resgates, castrações, checagem de denúncias de maus tratos, procura por lares temporários e adoções. Nesse período de atendimento, recebem medicamentos, ração e cuidados especiais até a recuperação.
O que diz a lei?
Vale ressaltar que abandono de animais é crime! Este previsto pelo Art. 32, da Lei Federal nº. 9.605 de 1998 (Lei de Crimes Ambientais) com pena de detenção de 3 meses a 1 ano e multa e no Art. 164 do Código Penal com pena prevista de detenção de 15 dias a 6 meses, ou multa. Os casos devem ser denunciados para o número 156.
Adoção Responsável
Para adotar um animal é necessário atender alguns pré-requisitos que garantem a viabilidade da adoção:
– Ter mais de 18 anos
– Responsabilizar-se através de um termo de compromisso que garante o cuidado e bom tratamento.
Interessados devem ir ao Canil Municipal de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, que fica na Estrada do Rocio, próximo ao aeroporto. Ou entrar em contato pelos telefones (42) 3624-6246 ou (42) 3624-2214.
Se você gostou desse assunto, veja como o controle populacional de animais está acontecendo em Guarapuava.
Por: Gustavo Vieira, 1ª edição Jornal Porta Voz / outubro 2020
Edição: Gustavo Vieira / outubro 2022