Superando obstáculos

Superando obstáculos

Summary

Skatistas são discriminados pela maneira de se vestir

Devido ao profissionalismo, o skate hoje é um esporte que vem ganhando respeito e atenção. Depois do futebol, a prática sobre rodinhas é o segundo maior esporte no país, levando em conta o número de atletas que praticam o esporte apenas como lazer ou que se enquadram em uma das categorias do nível iniciante, amador 1, amador 2 ou profissional. 

Mas nem sempre foi assim. Décadas atrás, o Skate era visto como um esporte praticado por vândalos, maconheiros, desocupados, mas hoje, a prática é considerada um esporte profissional, sendo levado até mesmo para as Olimpíadas

Isso ocorre em partes pelo fato de andarem em grupos e também pelas vestimentas utilizadas por quem pratica o skate, que para o melhor desenvolvimento das manobras as calças devem ser bem largas, para que assim as pernas fiquem livres, proporcionando assim uma maior flexibilidade ao atleta. 

Estigmatizados por esse estereótipo, os atletas sofriam todo tipo de preconceito, o que é uma barreira para aqueles que pretendem fazer desse esporte uma maneira de ganhar a vida. O profissionalismo, assim como no futebol, não é um caminho muito fácil. Exige que o atleta vença várias barreiras como falta de incentivo; falta de estrutura e por se tratar de um esporte de ação, as lesões são uma realidade e acabam por afastar ou acabar de vez com sonhos de qualquer atleta. 

Depois, para manter se em evidência na cena profissional o atleta deve obter destaque ganhando campeonatos em primeiro lugar em pelo menos metade das competições que disputar. Nomes como Bob Burnquist, Tony Hawk e Sandro Dias (mineirinho) são exemplos de profissionais que alcançaram muito mais que estabilidade financeira e contribuem muito para que o esporte vença o preconceito e passe a ter o status de meio de ganhar a vida. 

Mario Kreb Noronha Junior, ou Juninho como é conhecido, começou a andar de Skate aos 11 anos de idade por incentivo de seu cunhado. Ele que já foi atleta patrocinado, ganhava salário e uma cota de algo em torno de 10 mil reais em roupas e peças de Skate por mês ganhou vários campeonatos, alguns de importância nacional, contou que no início a principal dificuldade era a falta de lojas espelizadas e falta de incentivo financeiro, além do preconceito. “Quando eu comecei a minha mãe não gostava que eu andasse, depois que eu comecei a ganhar os campeonatos ela acabou aceitando”.

 

“Preconceito sempre rola. 

Tem uma galera que não curte, 

acha que é um esporte de drogados,”

Devido ao fato de o atleta hoje poder gerar renda através desse esporte e a cobertura das mídias nesta pauta, faz com que o skate não seja tão discriminado. Preconceito sempre rola. Tem uma galera que não curte, acha que é um esporte de drogados” afirmou. Juninho hoje anda apenas como lazer, depois que o surgimento de duas hérnias interrompeu a carreira do atleta. “Ando hoje para incrementar o dia. As amizades que conquistei com o Skate também me motivam a continuar andando” desabafou.

“Há dez anos era quase impossível 

pensar entrar nesse ramo, 

hoje as pessoas aceitam melhor

 esse estilo descolado.”

As roupas largas, tênis furados, tatuagens e o skate embaixo do braço causam impacto visual na mente dos mais conservadores, coisa que hoje em dia o estilo é uma moda principalmente entre a geração Z, sendo bem adotado e aceitado por todos os públicos. Seguindo no ramo de Skate Shop, o empresário Hassan Reda, relata que a aceitação por parte do público que não anda de skate é boa. “Quando as mães vêm junto comprar na loja ficam um pouco receosas, mas acabam cedendo”. 

O preconceito contra a moda underground ainda é forte, mas graças a marcas renomadas aderirem ao estilo e os atletas de renome mundial isso está mudando. “Há dez anos era quase impossível pensar entrar nesse ramo aqui na cidade, hoje as pessoas estão aceitando melhor esse estilo descolado”

Os skatistas ainda são vistos com maus olhos pela sociedade, mas é notório que a aceitação desse estilo de vida ‘largadão’ está ganhando espaço nas ruas, no comércio e na sociedade de um modo geral. Antes de tudo, o Skate é uma prática esportiva que promove saúde e bem estar. A cada dia essa tribo vence vários obstáculos, mas o preconceito que exclui ainda é a maior barreira que esses atletas enfrentam.

 

Reportagem: Marcos Przgocki / Edição: Samilo Takara / Revisão: Luiz Rogério – 2010

Atualização: Anelize Pina Marques – 2022

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