Guarapuava: pequeno roteiro turístico da cidade

Guarapuava: pequeno roteiro turístico da cidade

Summary

Conhecida por muitos pelo clima gelado, frequentemente com temperaturas abaixo de zero, Guarapuava (do tupi guará = lobo e puava = bravo) já chegou a ser considerada o maior município do país em extensão de terra, com aproximadamente 170.000.000 de km².

Guarapuava é a principal referência do Terceiro Planalto paranaense. Além do clima bastante frio, que faz do inverno guarapuavano um dos mais rigorosos da região, a cidade também é conhecida pelas suas belezas naturais e pelo ar pacato de cidade interiorana, que muito agrada a quem está a procura de sossego e tranquilidade.

Quem vem pela BR 277, sentido Curitiba região central do estado, antes de entrar na cidade, pode optar por visitar o espetáculo natural do Salto São Francisco, localizado nas divisas entre Guarapuava, Prudentópolis e Turvo. A entrada do caminho para o salto fica pouco antes do Parque das Araucárias. Para chegar até lá, são aproximadamente quarenta quilômetros de estrada rurais pavimentadas e mais seis de estrada de terra. Mas o esforço vale a pena. Afinal, não é em todo lugar que se encontra praticamente 196 metros de queda d’água, além de uma belíssima paisagem natural, propícia e convidativa para quem é amante do camping.

De volta, já no perímetro urbano, mas ainda antes de entrar na cidade propriamente falando, às de preservação ambiental, o parque conta com cerca de da BR 277, está o Parque Municipal das Araucárias. Áreas de 3.800 araucárias, árvores nativas, além de uma grande diversidade de fauna e flora. Nos limites do parque, o visitante pode aproveitar para conhecer o museu entomológico, e a enorme variedade de espécies que compõem o acervo, além de apreciar os vários caminhos de trilhas que percorrem todo o seu interior, em uma área de 100 hectares da mais pura natureza. Aliás, o verde é uma das marcas registradas da cidade. Na avenida Manoel Ribas, está situado o Parque das crianças, amplo local arborizado com brinquedos construídos para o lazer dos pequenos. Quem passear pelo parque durante as tardes dos dias de semana, poderá ouvir também os ensaios da Banda Municipal de Guarapuava, que há mais de trinta anos vem encantando a cidade e região com seus belíssimos acordes. Rua Bahia (praça da fé)

Seguindo pela florida Manoel Ribas, destaque para a estátua do imenso cavalo montado pelo Tenente Diogo Pinto de Azevedo Portugal, o sangrento comandante da expedição de conquista dos Campos de Guarapuava. Na mesma avenida, como contraponto à figura do colonizador, está a imponente imagem do cacique Guairacá, monumento de sete metros de altura em homenagem a um dos líderes da resistência à ocupação, juntamente com o seu fiel Lobo Guará, símbolo da região, cujas características, na língua tupi, formam o nome da cidade.

Assim como as belezas naturais, Guarapuava é conhecida também pelas muitas lendas que fazem parte do imaginário popular. Um dos “causos” muito difundidos entre os moradores conta a história da Capela do Degolado. No local, descansam os restos mortais de um soldado assassinado depois de desertar das tropas de Juca Tigre, durante a Revolução Federalista. A capela, construída em 1894, é uma homenagem ao soldado que foi obrigado a cavar a própria sepultura antes de passar pela degola. A história do acontecimento, que tornou a capela lugar de devoção por parte daqueles que atribuem milagres à alma do soldado, foi retratada, inclusive, na série de produções cinematográficas Casos e Causos, da Revista RPC.

Falando em devoção, a Praça da Fé, construída em 2002, em uma antiga pedreira da cidade e próxima à Rodoviária Municipal, foi concebida como um projeto que despertasse a contemplação e a espiritualidade. O local é palco da maior encenação da Paixão de Cristo de toda a região, tem capacidade para abrigar até 60 mil pessoas. A Catedral Nossa Senhora de Belém, também se destaca nesse quesito, ricamente ornamentada, a construção que data de 1818 é o marco da fundação da cidade. Em seu interior, estão belíssimas pinturas e afrescos ao estilo barroco, algumas originárias de Portugal, trazidas a pedido da esposa de um dos pioneiros da fundação, o Tenente-brigadeiro Antônio da Rocha Loures.

Em frente à catedral está a praça 9 de dezembro, local tranquilo e repleto de flores de onde pode-se avistar o Museu Visconde de Guarapuava, localizado na rua de mesmo nome, antiga casa do Visconde Antônio de Sá Camargo. Construído em estilo colonial, atualmente o  museu municipal exibe em seu acervo objetos das tribos indígenas que habitavam a região, bem como moedas do período imperial. Além de diversos outros objetos ligados à história da cidade, o museu se destaca por ter sido, na época de sua construção, a única residência a ter uma senzala, cujos traços ainda podem ser percebidos hoje.

Continuando pelo centro, a apenas algumas quadras da catedral, fica a lendária Lagoa das Lágrimas. Diz a lenda que depois de violenta batalha contra o colonizador, as mulheres dos índios que partiram para a batalha choraram seu luto, formando a lagoa que, curiosamente, tem o formato de uma grande lágrima. Ainda segundo a lenda, sob o solo da cidade está adormecida uma gigantesca serpente, cujo rabo está na lagoa e a cabeça sob o altar da catedral. De acordo com a história, o dia em que a serpente acordar, a cidade será destruída. Mas enquanto esse dia não chega, a lagoa continua a ser um tranquilo local de passeio e práticas esportivas. Nos finais de semana, o visitante pode aproveitar também para passear de pedalinho pela lagoa, ou simplesmente relaxar sobre o gramado e apreciar a vista, que, principalmente ao pôr do sol, propicia um belo espetáculo a quem passa por ali. Nas festividades do dia do trabalhador, o local é aberto para as solenidades e a pesca é liberada à população.

Falando em pesca, não muito longe da lagoa, ao final da rua XV de novembro, está localizado o Parque do Lago que, especificamente no dia 1º de maio, também é aberto ao público para as festividades do feriado. Em 2006, o parque passou por uma completa revitalização e hoje é um dos locais prediletos do guarapuavano para uma boa caminhada. Além das pistas pavimentadas, o parque ainda oferece brinquedos e quadras esportivas, bem como excelente iluminação para os passeios noturnos. A cada final de ano, perto das festividades de natal e ano novo, o Parque do Lago é inteiramente decorado a fim de receber a apresentação do Coral dos Anjos. A apresentação, que acontece há quatro anos, reúne anualmente cerca de 3 mil crianças da rede municipal de ensino. Além do coral, o parque fica todo iluminado pelas luzes de natal, que tornam ainda mais emocionante a execução das canções natalinas na voz das crianças vestidas de anjos. Organizadas lado a lado, juntas elas contornam os mais de 1.600 metros de extensão do lago, localizado no centro do parque.

Para quem gosta de natureza, Guarapuava é um prato cheio. Continuando seu itinerário, do outro lado da cidade, seguindo pela Avenida Rubem Siqueira Ribas, o visitante vai encontrar o Parque Recreativo Municipal do Jordão. Descendo a serra que dá acesso ao parque, é impossível não reparar na beleza do vale do rio, lugar onde o ar é ainda mais puro e a vista deslumbrante. Tão logo se atravesse a ponte principal, é possível escolher uma dentre as inúmeras churrasqueiras públicas que ficam sob as árvores à beira-rio. Mas se o objetivo é se refrescar, basta que se escolha uma das muitas piscinas naturais que, quando a correnteza está baixa, se destacam entre as pedras.

Além das belezas naturais da cidade, outra boa pedida é uma visita ao Distrito de Entre Rios, situado a mais ou menos quinze quilômetros da cidade. Composto pelas colônias Vitória, Jordãozinho, Cachoeira, Socorro e Samambaia, o distrito foi formado pelos suábios, de cultura e descendência germânica, que vieram ao Brasil na década de 50 em sua longa viagem fugindo da guerra. Nas colônias, o que mais chama a atenção é a arquitetura europeia, além de hábitos e costumes da terra natal de seus primeiros habitantes. Visitando os colonos, é possível provar da gastronomia, desfrutar das pousadas, passeios a cavalo, caminhadas pelos parques e bosques, artesanato e conversar com os moradores em um bom e expressivo alemão.

Se você gostou desse assunto, leia a matéria Projeto caminho de são francisco e o potencial turístico de Guarapuava e região.

 

Texto por Rogério Camargo, Ágora em revista – edição 07 – ano 6 – dezembro de 2010

Editado por Eliézer Alves – setembro 2022

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