Furar a preferencial é o principal motivo de acidentes em Guarapuava

Furar a preferencial é o principal motivo de acidentes em Guarapuava

Summary

De acordo com dados dos Bombeiros, o abalroamento transversal é responsável por 41% dos acidentes na cidade.

Engenharia, tecnologia e educação. Estes são os guiar, conforme explica três pilares fundamentais para uma boa convivência no trânsito. A engenharia é uma ciência que estuda como as vias devem ser construídas. A tecnologia é a aplicação do conhecimento e permite a construção e a fiscalização das vias. E a educação é o princípio que impera para que exista civilidade nas vias públicas.

Haja vista o significado etimológico da palavra educação, que vem do latim, educare, ou seja, instruir, guiar, conforme explica o secretário de Guarapuava Airson Horst, acrescentando que, o pedestre tem o direito de usar as vias públicas da melhor maneira possível, assim como o ciclista e o motorista. A ideia é que todos possam usar as vias públicas com o mínimo de conflito possível.

Segundo Horst, há 15 anos, Guarapuava tinha uma frota de 33 mil veículos circulando pela cidade. Hoje em dia, esse número cresceu para 105 mil veículos.“Quando eu digo conflito, entra a questão do congestionamento, entra a questão da fluidez do automóvel e daí entra a questão do número de acidentes, que às vezes infelizmente acaba levando alguém inocente. A cada acidente que acontece ou por falta de sinalização ou por falta de conscientização e educação cria um problema social de saúde pública, porque você tem que dar assistência a aquela pessoa que se achou no direito de beber e dirigir”, explica Horst.

 

Porque os acidentes acontecem?

Os acidentes acontecem por diversos motivos. Pode ser a falta de atenção, má sinalização, alta velocidade, ingestão de bebidas alcoólicas, entre outros. Nos cinco primeiros meses de 2018 em Guarapuava, houve 460 acidentes de diversas causas.Muitos acidentes poderiam ser resolvidos apenas com a educação no trânsito.

Airson explica que a situação de um acidente pode ser muito mais complexa do que parece.”Na maioria das vezes dos acidentes noturnos, mais especificamente depois das 23 horas, é por conta do álcool. Nós fizemos uma intervenção em uma rotatória de Guarapuava, que é a XV de novembro com a rua Pedro Alves, onde aconteceram muitos acidentes. A gente mudou a rotatória, ampliou a caixa dela, aumentou a elevação da pista pra ver se diminuía. Porém, mesmo com essa intervenção não significa que vão acabar os acidentes. Vai deixar de existir acidente quando o motorista respeitar andar trinta por hora onde tem que andar trinta por hora. Não pode entrar a cem por hora numa rotatória que não vai mudar nada”, conta.

Lelo Amadio, 26, foi uma das vítimas da mistura entre álcool e direção em Guarapuava. “Eu trabalhava como motoboy e estava voltando pra casa,em um sábado, dia 3 de junho de 2017, perto das 22 horas. Um cara bêbado veio na contramão e deu de frente comigo. Eu fiquei internado 40 dias e tive que amputar a perna. A rua era de mão dupla, eu estava subindo e ele descendo. Não prestou socorro, largou o carro e fugiu a pé”, conta Lelo. Além das consequências físicas, Lelo teve um grande prejuízo para continuar a andar. Ele comprou uma prótese para substituir sua perna por R$9 mil. Além da sua moto que foi para o pátio da polícia, e depois foi leiloada como sucata.

Apesar da bebida alcoólica aliada a direção ser um grande problema, isso não é o único motivo que causa colisões graves. O uso de celular, falta de atenção e a má sinalização também podem trazer graves consequências em um acidente. “A gente fala do cara que bebe, mas não fala do motorista, se diz consciente e que está andando no meio da pista e que não se preocupa com o pedestre, não se preocupa com a moto. E esse também causa acidente. O que leva uma pessoa a se distrair no trânsito? É o celular, o som e o estresse”, explica Airson.

Wallace Souza, 23, passou por uma situação muito desagradável no trânsito e que traz consequências até hoje. “Em furamos um cruzamento, uma preferencial por conta da sinalização horizontal parcialmente apagada e placa escondida, batemos na lateral de um carro que vinha na preferencial e estava a 40 por hora. Quando vimos o carro já estava muito em cima e nem tinha muito o que fazer. O outro carro capotou. Eu estava sem cinto. só não fui pra frente com te com tudo porque estava com uma caixa térmica e minha mochila no meu colo que seguraram o impacto frontal. Mas como não fui pra frente, acabei pro lado. Fiquei com ferimentos na coxa e arranhões no braço, tudo do lado direito. Como eu estava sem cinto, na hora que vi o carro segurei no apoio frontal do carro e como o impacto foi grande, acabei deslocando meu dedão da mão esquerda. Após fazer os exames, foi detectado luxação no dedo e até hoje tenho dificuldades para fazer determinados movimentos com ele” explica Wallace.

 

Ações do poder público 

A Secretaria de Trânsito já realizou uma série de campanhas de conscientização no trânsito. Além disso, já foram realizadas algumas blitz educativas para explicar aos motoristas os perigos que existem nas vias públicas e quais cuidados eles devem ter. “Estamos em um processo licitatório e provavelmente no final de outubro vamos instalar alguns radares. Estamos instituindo estacionamentos eletrônicos, através de aplicativos, mas isso não significa que vai deixar de ter acidente, tudo vai depender da educação do condutor no trânsito”, finaliza Airson.

 

TIPO DE ACIDENTE

PORCENTAGEM

ABALROAMENTO TRANSVERSAL

41%

COMPLEXO (MAIS DE UM VEÍCULO)

12%

ABALROAMENTO LATERAL

10%

ATROPELAMENTO

8%

COLISÃO TRASEIRA

8%

QUEDA DE MOTO

6%

NÃO IDENTIFICADO

2%

CAPOTAMENTO

1%

ENGAVETAMENTO

1%

TOMBAMENTO

1%

VÍTIMAS FATAIS

9%

 

Texto por Carlos Souza, edição 05 Ágora – agosto de 2018

Transcrito por Eliézer Alves – agosto 2022

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *