Além de uma violência obstétrica, uma violência contra a mulher
Summary
As práticas violentas com gestantes e na hora do parto também podem consistir em rotinas e normas que já se sabe que são desnecessárias, mas são feitas mesmo assim
Em julho de 2022, uma mulher foi estuprada pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra, de 31 anos, enquanto estava em trabalho de parto. O caso foi flagrado no Hospital da Mulher de São João de Meriti, no Rio de Janeiro. A violência obstétrica e sexual é um assunto que é tema há anos e, mesmo com o passar do tempo, os crimes não parecem diminuir.
A violência obstétrica é a prática de procedimentos e condutas que desrespeitam e agridem a mulher na hora da gestação, parto ou pós-parto. Na prática, se considera violência os atos agressivos, psicológicos ou físicos. De acordo com a pesquisa “Mulheres Brasileiras e Gênero nos Espaços Público e Privado”, organizada pela Fundação Perseu Abramo, uma em cada quatro mulheres sofre violência obstétrica no Brasil.
As práticas violentas com gestantes e na hora do parto também podem consistir em rotinas e normas que já se sabe que são desnecessárias, mas são feitas mesmo assim. Nesses casos, são observados procedimentos como a episiotomia prática, conhecida como o “ponto do marido”, o uso da ocitocina sintética sem necessidade, a manobra de Kristeller, a restrição de alimentação e bebida, restrições de emoções e expressões, bem como o impedimento da livre posição e movimentação durante o trabalho de parto.
A OMS se refere a estas condutas como abusos, desrespeito e maus-tratos e as considera violação dos direitos humanos.
Leis que garantem a segurança da mulher
No Brasil, existem leis e portarias que falam sobre algumas práticas específicas sobre a violência obstétrica. Uma delas é a rede cegonha, criada em 2011. Uma estrutura que o Ministério da Saúde oferece aos estados e municípios para o atendimento do parto humanizado. No Paraná, esse programa foi substituído pelo Mãe Paranaense.
Foi vítima? Denuncie!
Para denunciar a violência obstétrica ligue:
- No próprio hospital que a atendeu
- Na secretaria responsável pelo estabelecimento (municipal, estadual ou distrital)
- Nos conselhos de classe (crm quando o desrespeito veio do médico, coren quando do enfermeiro ou técnico de enfermagem)
- No ministério público
- E ligando no 180 (central de atendimento à mulher) ou 136 (disque saúde)
Quer saber mais sobre esse assunto e refletir sobre a violência obstétrica? Em 2019, uma produção de áudio de Jornalismo da Unicentro foi produzida, contando histórias de cinco mulheres que sofreram a violência aqui no Paraná.
https://soundcloud.com/millena-ricardo/radiodocumentario-oficial-violencia-obstetrica