Mulheres no debate presidencial descontrolam Jair Bolsonaro

O primeiro debate entre seis candidatos à presidência ocorreu a menos de dois meses para as eleições. Entre variados temas, os dois candidatos considerados como os principais, Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, trocaram ofensas, além de serem os mais atacados por outros candidatos. Simone Tebet teve o melhor desempenho em se apresentar para os eleitores, segundo analistas, mas as pesquisas ainda indicam a polarização esquerda-direita.

O destaque da noite foi a cólera do chefe do Executivo. Durante o debate, Bolsonaro cometeu o grande erro, um entre tantos nos últimos quatro anos, de se manter no assunto “mulher”. O atual presidente atacou a jornalista Vera Magalhães em rede nacional, após uma pergunta direcionada a Ciro Gomes sobre a queda dos índices de vacinação no Brasil e a influência das desinformações, disseminadas inclusive por Bolsonaro. O candidato se exaltou e ofendeu a jornalista, chamando-a de mentirosa e “vergonha para o jornalismo brasileiro” e entre outras falas machistas.

Além disso, ao ser questionado pela candidata Simone Tebet sobre o porquê de tanta raiva contra mulheres, Jair Bolsonaro se descontrolou. Mandou-a parar com “joguinhos de mimimi”, além de chamá-la de vergonha do Senado Federal. Ainda acusou-a de se declarar feminista, mas não defender mulheres da oposição.

Ao ter a chance de direcionar uma pergunta a um de seus concorrentes, Bolsonaro resolveu insistir no assunto, porém ao invés de debater com uma das duas candidatas, ele resolveu se direcionar ao único homem que não havia sido questionado naquele bloco, Ciro Gomes, o que resultou em trocas de acusações sobre falas machistas proclamadas por ambos anteriormente em suas carreiras políticas.

Jair Bolsonaro ainda afirmou que as mulheres brasileiras o amam, o que ele deve saber ser mentira, já que a sua principal estratégia eleitoral é conquistar o voto desse público – usando inclusive a imagem de sua esposa – que apresenta índices baixos a seu favor.

As declarações machistas não são novidade, há um histórico de ataques pessoais a mulheres jornalistas ou de sua oposição. Bolsonaro não foi capaz sequer de esconder seus discursos de ódio contra mulheres por poucas horas, por que dar a chance de continuar ouvindo-o por mais quatro anos?

Texto: Ana Lara Chagas Oliveira

Edição: Maria Isabela Andrade

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