Diploma, resistência e independência
Summary
Curso de pedagogia indígena ofertado pela Unicentro iniciou no ano de 2019, na cidade de Nova Laranjeiras
Uma novidade para o ano de 2019 foi a oferta do curso de pedagogia indígena na Universidade Estadual do Centro-Oeste, as inscrições foram abertas em fevereiro com direito a serem gratuitas. Os concorrentes realizaram a prova no dia 27 de março e disputaram as 60 vagas que estavam sendo ofertadas. O foco para essa primeira edição foi para as etnias kaigang, Guarani e Xetá. Para incentivar a permanência no curso as aulas serão na terra indígena Rio das Cobras, na cidade de Nova Laranjeiras. As aulas serão durante a manhã, tarde e noite por uma periodicidade de 30 e 40 dias, durante quatro anos.
“Hoje, nós estamos tendo a oportunidade de estar estudando para ajudar a nossa comunidade, ajudar nossos jovens, nossas crianças dentro da comunidade que estão pensando e buscando a melhoria”,
afirma o indígena Iumar Rodrigues a central de notícias da Unicentro. As aulas tiveram início em maio de 2019, foi um grande passo para incentivar a inclusão dos povos indígenas cada vez mais dentro da universidade.
Segundo estimativa apresentada pela Fundação Nacional do Índio (Funai), o Brasil no período da colonização era habitado por mais de dois milhões de indígenas que se dividiam entre cerca de 1000 tribos. Durante os anos, por conta de diversas transformações sociais, buscaram alternativas para sobrevivência física e cultural. Apesar de toda a resistência, as invasões de terras que ocorreram a partir dos anos de 1500 e adjacentes na atualidade, exterminaram diversas tribos, reduzindo a população indígena no país de milhões para os números de milhares. O último censo demográfico realizada em 2010 pelo IBGE consta que atualmente há no Brasil, cerca de 817.963 indígenas, divididos em 305 etnias diferentes. Entre as principais estão Tíkuna, Guarani, Kaiowa, Kain-Gang e Yanomami.
O estudo é direito do brasileiro e está previsto em lei – apesar de genericamente -, no art. 6 da CF/ 88 que tratou dos direitos sociais. Em busca da necessidade de formar profissionais que possam contribuir principalmente com suas comunidades e tribos, colaborando com a luta pela conquista da autonomia do seu povo, o povo indígena cada vez mais procura pela formação acadêmica.
Um último censo da educação superior, realizado pelo Ministério da Educação em 2017, revelou que de 2015 para 2016 o número de indígenas matriculados em instituições públicas e privadas cresceu 52,5%, ainda assim, esse número não é o correto visto que mais de 800.000 nativos existem e apenas cerca de 50.000 estão ativamente em cursos superiores. Contudo, as formas de ingressar à universidade ainda são recentes e estão sendo adequadas. Alguns conseguem obter bolsas para auxiliarem na continuidade do ensino superior. Para debater e refletir sobre essas questões e as lutas, a Unicentro apoio e realizou no campus de Irati em 2018 o Encontro sobre a Questão Indígena no Paraná, as atividades duraram três dias e foi uma parceria com o Instituto Federal do Paraná.
texto: Vittória Mulfait (voz ativa 2019)
edição: Gabriela Becker 2023