Desnutrição Infantil
Summary
Projeto de extensão da Unicentro auxilia no combate à desnutrição infantil em Guarapuava
A desnutrição infantil é considerada uma doença de origem multicausal e entre as causas mais comuns aponta-se o desmame precoce, a higiene precária na preparação de alimentos complementares, o déficit específico da dieta em vitaminas e minerais. Ela determina um processo da carência nutricional associada ou não, ao baixo peso corporal e massa magra, em alterações de peso, afeta a maior parte em crianças com menos de cinco anos.
O Brasil está entre 51 países mais suscetíveis à desnutrição, segundo dados da nova edição do relatório anual da ONU (Organização das Nações Unidas), sobre a segurança alimentar e nutricional. O país fica no ranking ao lado da Etiópia, Indonésia, África Oriental e Ásia Central, por exemplo. De acordo com alguns estudos, países que apresentam choques climáticos por mais de três anos no período têm, em média, mais que o dobro de pessoas desnutridas. 151 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem com atraso no crescimento. A crise e a pobreza são fatores determinantes para a insegurança alimentar, se a produtividade agrícola cai, a produção de alimentos e os padrões de cultivo também diminuem, contribuindo para déficits de disponibilidade ou gerando picos e volatilidade dos preços.
No Paraná, segundo dados mais recentes disponibilizados pelo Ministério da Saúde, uma pessoa morre a cada dois dias. Em 2017, com dados mais recentes, houve o menor registro de casos, foram 187 mortes confirmadas de desnutrição no Estado, número mais baixo desde 1979. Nessa época, 84% dos casos eram de crianças de zero a quatro anos de idade.
Dados do Ministério da Saúde, apresentados durante o 3° Congresso Internacional Sabará de Saúde Infantil (SP), demonstram que apenas 60% das crianças brasileiras na fase inicial de alimentação sólida (entre seis meses e dois anos) ingerem alimentos saudáveis como legumes e verduras com frequência.
Por outro lado, mais de 40% delas já consome alimentos industrializados ricos em açúcares e conservantes. Este cenário liga o alerta para a desnutrição pois revela hábitos preocupantes quanto à educação alimentar infantil. Portanto, identificar quais sinais podem indicar uma carência nutricional pode não ser uma tarefa fácil para os pais, o distúrbio pode apresentar sinais pouco perceptíveis ou estar ligado a causas secundárias.
A desnutrição infantil determina um processo da carência nutricional associada ou não, ao baixo peso corporal e massa magra, em alterações de peso, afeta a maior parte em crianças com menos de cinco anos.
PROJETO DE EXTENSÃO
Em Guarapuava, há dois projetos de extensão vinculados com a Unicentro na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE). A pastoral da criança se estabelece no bairro Bonsucesso e no bairro Residencial 2000. No bairro 2000, há mais casos de sub obesidade e obesidade infantil e voltado para mulheres gestantes, ocorre uma vez por mês. Na APAE, o projeto de extensão, conta com a presença de quatro Professoras do curso de Nutrição do campus Cedeteg da Unicentro, e com alunas do terceiro e quarto ano do curso.
Os atendimentos são feitos toda sexta-feira a partir das 14h até às 17:30, na APAE. Mariana Chochuk, acadêmica do quarto ano, é orientanda no projeto de extensão com atendimentos para crianças e até adultos, na APAE. O atendimento é feito individualizado, consultas, orientações nutricionais, reconsultas, cardápio, pesagem, aferição antropométrica (peso, estatura, circunferência), e classificação. A microcefalia, síndromes raras e a paralisia cerebral são fatores que podem desencadear a desnutrição. O caso do Kahuan, 8, paciente com paralisia cerebral, é um caso alarmante de desnutrição, ele pesa apenas 15 kg.
Todo o atendimento é baseado em metas nutricionais, melhorando na oferta nutricional, aumento da densidade calórica e proteica. Uma das professoras que orienta as alunas é a Prof.ª Mariana Abe Vicente.
“Os maiores casos de desnutrição são em crianças com menos de cinco anos de idade, elaboramos metas nutricionais para que os pais possam traçar e ajudar na melhora da saúde nutricional de seus filhos”.
Os pacientes são direcionados por médicos, assistente social, que encaminham para as consultas na APAE. Existem consultas disponíveis também na clínica escola de Nutrição da Unicentro.
A existência desses projetos é de extrema importância para o combate à desnutrição infantil, mesmo com os índices de redução, auxiliar a Universidade para ajudar comunidades mais carentes e com menos condições financeiras, faz com essas crianças e seus pais, tenham uma melhor condição para se orientar na saúde nutricional de seus filhos.
Avaliando o impacto do programa de transferência de renda Bolsa Família sobre a desnutrição infantil ao utilizarem dados coletados no inquérito “Chamada Nutricional 2005” realizado no semiárido brasileiro, a partir de estimativas ajustadas de prevalência de déficits de estatura-para-idade, identificaram que, para o total de crianças menores de cinco anos de idade, a participação no programa resultaria em uma redução de quase 30% na frequência da desnutrição.
Especificamente em famílias de baixa renda, o impacto do Programa Bolsa Família, por exemplo, vem se traduzindo em maior gasto domiciliar com alimentação, maior disponibilidade de alimentos in natura ou minimamente processados e maior disponibilidade de alimentos que usualmente diversificam e melhoram a qualidade nutricional da dieta, tais como carnes, tubérculos e hortaliças.
DADOS
Reflexos destes programas poderiam estar influenciando positivamente no perfil do estado nutricional das crianças nordestinas, tendo em vista que esta região comporta o maior número de famílias beneficiárias do programa.
Contudo, deve-se considerar que essa maior disponibilidade de alimentos pode influenciar no aumento de peso em crianças de maneira não adequada. A tendência observada no Brasil de substituir refeições tradicionais baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos ultraprocessados vem trazendo prejuízos à saúde da população. Alimentos ultraprocessados possuem maior densidade energética e maiores teores de açúcar, gorduras em geral, gordura saturada e gordura trans, e, ainda, menores teores de fibras e potássio.
Essa discussão evidencia um desafio emergente para a saúde coletiva: promover intervenções educativas em saúde, mais especificamente em Educação Alimentar e Nutricional (EAN), que ao compreender o comportamento alimentar como resultado de relações sociais e históricas, possa superar suas raízes biomédicas, e promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis.
O efeito das condições socioeconômicas sobre o crescimento infantil tem sido observado em diferentes contextos na população brasileira e já apresenta relevante arcabouço (ossatura do tórax) na literatura que confirma essa relação. A renda familiar apresenta frequentemente associação inversa e significativa com as situações de déficits nutricionais. Utilizando dados da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS – 1996 e 2006), identificaram a melhoria no poder aquisitivo das famílias como determinante responsável por 21,7% no declínio total da prevalência de desnutrição, em crianças menores de cinco anos, observado no Brasil entre 1996 e 2006.
Texto: Milena Cruz
Edição: Milena Cruz