Representatividade no FUCA
Nas respectivas noites dos dias 25, 26 e 27 ocorreu o Festival Unicentro da Canção (FUCA), que foi inicialmente criado com um foco na comunidade universitária, mas também incentivando a expressão artística como um todo. O evento contou com a presença de quarenta artistas divididos em categorias de composição e interpretação, com uma gama tão grande de músicos se apresentando era de se esperar que não só os estilos fossem diferentes, como também os próprios indivíduos. Em um evento como esse, a representatividade deveria ser grande, mas pesquisamos mais sobre e percebemos que ela não acompanha a variedade dos artistas, porém aquela que é percebida é fundamental pra construção do evento e possuí um papel importante pra sociedade. Entrevistamos três candidatos na modalidade de composição durante o evento com níveis diferentes de representatividade na sociedade: LGBT, racial, feminina, respectivamente.
O primeiro entrevistado foi Iago Albuquerque (19), aluno de Publicidade e Propaganda da Unicentro e estagiário da editora da universidade. Ao ser questionado sobre a importância da representatividade LGBT no evento, Iago diz que entende a importância, mas que é difícil cobrar isso do evento, afinal as audições são as cegas, mas mais importante que isso seria a escolha de músicas originalmente criadas por artistas LGBT’S na categoria interpretativa ou até mesmo o artista cantar sobre sua própria vivência e seus desafios na categoria de composição, também diz que sempre procura enfatizar essa causa através da sua arte. Ao final da entrevista Iago ressalta “Eu acho que como você já é tido como excluído da sociedade, isso ajuda você a se juntar com outras pessoas que também participam desta minoria, por exemplo todos artistas que eu colaborei são LGBT’S também.”
Uma outra entrevistada foi Lilian Kelly Santos (Iúna) (23), estudante de arquitetura e artes que comentou sobre representatividade em um contexto feminino, para ela é algo muito importante, principalmente em um meio tão machista quanto em Guarapuava, afinal em um festival desse porte é essencial o papel das mulheres, em suas palavras Lilian comenta como se sente representando a classe feminina “Me sinto muito bem, sinto que é meu papel como mulher para também influenciar outras meninas pra se sentirem confiantes e virem aqui mostrarem o seu talento.”
Conversamos também com Renan Martins (27) que é mais conhecido como Preto, ele é compositor, produtor musical e também engenheiro civil onde ressalta a importância das cotas raciais em universidades públicas, pois foi assim que se formou. Para ele a representatividade negra em festivais como o FUCA é fundamental em ambientes universitários ou em qualquer outro espaço, ressalta que ainda teve em sua vida mais oportunidades do que a maioria de outros jovens negros e então por ser uma mudança utiliza esse espaço se sentindo honrado em representar esta comunidade no festival e em sua vida. Para ele “A arte sempre foi, principalmente no brasil, um ponto de fuga para quem é afrodescendente, é onde podem expressar todas as suas dificuldades”
Para finalizar, falar sobre representatividade é, portanto, falar sobre pertencimento, os três entrevistados mostram a importância que é a diversidade em eventos como o FUCA e a expectativa é que o número de pessoas representando “minorias” cresça cada vez mais, afinal, a diversidade de pessoas tem de estar expressa em todos os espaços.
Texto: ANELIZE PINA MARQUES E VITOR MARQUES
Edição: João Vitor Marques