Empoderamento: Cabelos Afros

Summary

Os cabelos afros como símbolo de luta e promoção da autoaceitação

O termo empoderamento tem sido muito empregado dentro de alguns grupos de lutas sociais. Ele é utilizado (ou deveria ser) para denominar o processo no qual uma pessoa se conscientiza e “se dá conta do seu poder”.
O empoderamento é singular e, ao mesmo tempo, é plural. Singular no sentido de que é um processo individual e pode ocorrer pelas mais diferentes motivações. Plural porque por meio do empoderamento aprendemos que a luta é coletiva.
A pauta do empoderamento não é uma questão estética, mas política, por tantos aspectos que envolvem, numa constante busca por um reconhecimento social. Aceitação e respeito, por exemplo, fazem parte do processo, que inclui a própria dificuldade de assumir o seu cabelo.
Uma cega sociedade preconceituosa, racista e retrógrada, reforça comportamentos e traz à tona muito mais que uma problematização. É como uma bola de neve, cada vez mais adentrando numa intolerância pessoal e imparcial com o próximo.
Seria pedir muito? Digo, se houvesse uma consciência desses problemas enraizados a tantos anos, se as pessoas fossem mais empáticas, mostrar mais isso as pessoas, para que elas tenham conhecimento do que está acontecendo ao seu redor, como na escola quando começamos desde o jardim de infância a aprender a ler e escrever, uma prática, um hábito. 

 

Acadêmico de Biologia, Matheus Cruz, conta um pouco da sua trajetória em assumir os cachos

PARA ALÉM DA ESTÉTICA

Essa luta coletiva não serve para que as pessoas achem o cabelo afro mais bonito que o cabelo liso ou melhor.

A estética deve ser importante, mas não necessariamente o foco principal.

A luta das pessoas é pelo respeito que elas têm por direito.

Direito a um emprego, direito a transitar onde quiserem, de fazerem o que bem entenderem com seu cabelo, sem serem questionadas por ridículas perguntas preconceituosas. Sem que sofram ainda perante a uma sociedade que a rebaixem, que diminuam sua luta. Há uma grande demanda nessa mudança, que talvez já consiga percorrer por onde não se conseguia, mas que ainda se sabe que há muito caminho a frente.
O objetivo é trazer todos esses questionamentos, mas também, as que raramente são. Vamos enaltecer a luta do outro sem diminuir qualquer que seja. Há uma filosofia africana, chamada Ubuntu, que nutre o conceito de humanidade em sua essência, “sou o que sou pelo o que nós somos”. Liberdade é não ter medo de ser quem você é!

Texto: Milena Cruz para fotojornalismo (2018)
Edição: Milena Cruz (2022)

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