Comunidade quer informações sobre a Escola Total

Comunidade quer informações sobre a Escola Total

Summary

Obra do Bairro Industrial está em seu término, no entanto população busca respostas

A primeira Escola Total de Guarapuava construída no Bairro Industrial, uma das comunidades mais carentes da cidade. Localizada em posição estratégica, a escola abrange diversas localidades como: Guaratú, Morumbi, João de Barro, Vila São José, Loteamento Panificadora entre outros. 

A proposta desta escola é oferecer ensino integral, até então inexistente no município . Quem vai desfrutar da novidade são os estudantes da educação básica de responsabilidade municipal , que são os cinco primeiros anos. Os alunos poderão participar de aulas de música, dança, teatro, atividades recreativas e esportivas. Já para jovens e adultos haverá a possibilidade de profissionalização. Ou seja, toda a família será beneficiada. 

Em maio de 2008, em visita à construção, foi obtida de Dino Araújo, encarregado de obras, a informação de que o tempo previsto para o término da construção era de seis meses após o início, isto é, a Escola ficaria pronta em agosto passado (2007). 

No entanto, devido a atrasos na entrega dos materiais, apenas agora, em junho de 2009, a obra está sendo finalizada. Pelas notícias iniciais, cerca de 500 alunos já estariam estudando na escola. 

Wesley dos Santos, 12 anos, morador do bairro, passava em frente à construção enquanto voltava para casa e foi questionado se gostaria de participar das atividades da Escola Total, ao que respondeu sem hesitar: “com certeza! Porque é bonita e a gente pode aprender um pouquinho mais. Vai ter mais coisas do que na minha escola, dá pra ver. Só de olhar por fora já dá pra perceber”.

Após mais de um ano desde o início da obra, a população continua sem informações a respeito do funcionamento da escola. A curiosidade é grande devido ao tamanho e formato diferenciado. 

Crianças e pais ainda desconhecem o número de vagas, como será o processo de seleção dos estudantes e quando isso vai acontecer. Noeli de Fátima Andrade é uma das mães que têm interesse em fazer parte do novo conceito de ensino e que pretendem matricular seus filhos. ” A gente está curioso para saber como vai ser, porque quero colocar as minhas duas filhas para estudar ali. Eu também quero estudar, estamos ansiosos, eu e meu marido queremos estudar a noite”.

Luiz Antonio Vincentin, presidente da associação de moradores do Bairro Industrial – Xarquinho 3, afirma que está sendo elaborado um abaixo assinado entre os moradores para que a Prefeitura manifeste o quanto antes uma posição sobre a escola. O desejo da população é que as atividades comecem a funcionar no próximo semestre. “Eles falaram que precisam fazer os retoques finais. Mas a gente percebe que se tivesse continuado o ritmo que estava na campanha política, já estaria pronta há três meses. Reduziu o pessoal trabalhando lá dentro e não fala em inauguração. Antes tinha propaganda todo dia da Escola Total do bairro. A gente vê que reduziu o empenho”, conta Luiz. 

 

Contradições 

O investimento na construção da escola é de aproximadamente três milhões de reais. A arquitetura vai além da planta de uma escola básica. São seis blocos com auditório, biblioteca, sala audiovisual, quadra poliesportiva, além de laboratórios e um amplo refeitório onde haverá oficinas de culinária.

Segundo os trabalhadores da obra, os materiais utilizados são de ótima qualidade. No entanto, nos arredores da escola, as ruas não têm pavimentação e muitas residências carecem de saneamento básico. Outra reivindicação dos moradores é quanto à nomenclatura escola. Luiz diz que existem comentários no bairro de que se chamará Iná Ribas Carli, nome da mãe do atual prefeito. 

 

“O que acho estranho é utilizar tanto o nome do atual prefeito, se é do município, todos nós temos direito, para não beneficiar só a pessoa que está no poder. Será que só eles moram em Guarapuava? Existem pessoas bem conhecidas que já fizeram coisas boas para a cidade, que mereciam a homenagem “, questiona. Para ele, a decisão deveria levar em conta a opinião de quem reside nas proximidades.

 

A equipe do Ágora procurou a Secretaria Municipal de Educação e Cultura com o objetivo esclarecer as dúvidas dos moradores a respeito da Escola Total. De acordo com os dados obtidos, a obra está conclusa, mas não concluída, ou seja faltam alguns procedimentos formais, como a entrega e vistoria. ” A empresa responsável , Dalba Engenharia e Empreendimentos, têm até dezembro deste ano para entregar a construção à Prefeitura”, explica Doraci Senger Luy, assessora da Secretaria. 

Por isso, a previsão é de que as atividades iniciem em 2010, todavia, não há data de inauguração prevista. Ainda conforme as informações, o processo de matrícula ocorrerá a partir do Sistema de Georreferenciamento, que consiste em encaminhar os alunos à escola mais próxima de residência, junto a isso haverá um estudo sócio econômico. 

A assessora ressaltou que, como existem três escolas em funcionamento nas redondezas do bairro e todas as crianças em idade escolar estão matriculadas, não há urgência no funcionamento da Escola Total. Para esclarecer todas estas questões aos moradores será encaminhada uma equipe de trabalho ao bairro, segundo Doraci. Sobre a nomenclatura da escola, foi enfatizado que os comentários feitos pelos moradores do Bairro Industrial não procedem, pois não existe nome definido até o momento.  

 

Texto escrito por: Francielli Campiolo e Scheyla Horst, para a edição 11, do Jornal Ágora- junho de 2009

Transcrito por: Gustavo Vieira – agosto de 2022

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